A nova NR-01 exige atenção redobrada aos riscos psicossociais nos canteiros de obras, indo além dos EPIs e EPCs. Neste artigo, o engenheiro Sérgio Ussan reflete sobre como as condições ambientais e as relações humanas impactam diretamente o bem-estar e a saúde mental dos trabalhadores da construção civil. A proposta é clara: tornar o óbvio uma prática efetiva por meio da escuta ativa, gestão contínua e respeito às condições humanas no ambiente de trabalho.
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Ambiente de Obra, Mente Segura: O Papel do Canteiro na Saúde Psicológica do Trabalhador
De início declaro que este texto não é decisório ou impositivo e sim voltado para a necessidade de levar profissionais prevencionistas em Segurança do Trabalho, com ênfase nos Engenheiro e Técnicos de Segurança do Trabalho, a estarem preparados para desenvolver o tema do momento, Riscos Psicossociais incluídos no Programa de Gerenciamento (PGR) das empresas conforme consta na NR1 com início em 26 de maio de 2025.
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Não, não é um texto que avançará em discussões várias do momento nos segmentos de empregadores e empregados, pois em breve o governo deverá publicar orientações para acalmar todos.
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A presente abordagem será dirigida à construção civil nos FRPRT – Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho, ou seja, em canteiros de obras.
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A pergunta a responder é quais são estes riscos e qual a forma de gestão para eliminar ou minimizar os mesmos?
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O objetivo é proteger o trabalhador considerando seu dia a dia profissional.
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De início a definição simples e expedita de Risco Psicossocial “é o conjunto de fatores que podem afetar a saúde mental dos trabalhadores”.
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No canteiro de obras é possível elaborar lista com os principais riscos, lista esta que pode ser ampliada pelo leitor com base em sua experiência.
– Jornadas de trabalho ampliadas.
– Horas extras não pagas.
– Metas de produção excessivas ou inalcançáveis.
– Presença clara de possibilidade de acidentes.
– Conflitos com colegas.
– Assédio moral ou psicológico.
– Falta de reconhecimento profissional.
– Liderança autoritária e sem empatia.
– Ambiente de trabalho desorganizados.
– Áreas de vivência sem condições normais de uso.
– Mobiliário desgastados dos postos de trabalho.
– Ausência de áreas de descanso.
– Falhas na disponibilização e uso de EPIs e EPCs.
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Neste ponto da leitura é bem possível que o leitor exclame para si mesmo “isto tudo é óbvio” (novamente o “óbvio” se faz presente no meu texto).
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Exclamo eu agora “então por que estas situações se fazem presentes nos canteiros de obra em elevadas proporções”.
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Mais óbvio ainda é a resposta “por que não foram realizadas ações e gestão contínuas para eliminar estas situações”.
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De quem é a responsabilidade para corrigir o óbvio?
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Simples, a responsabilidade é do empregador, do empregado, do incorporador, do construtor, dos Engenheiros e Técnicos de Segurança do Trabalho.
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Cada um tem sua parcela de culpa o que torna inviável identificar o(s) culpado(s).
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Chegamos a um beco sem saída?
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Não, não chegamos a um beco sem saída.
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Resolver o impasse é difícil e ao mesmo tempo fácil.
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A solução é difícil se não houver análise, planejamento e planos voltados para a Segurança e do Meio Ambiente do Trabalho.
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A solução é fácil quando há Gestão das Condições de Segurança e Meio Ambiente do Trabalho disponibilizadas aos trabalhadores.
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Quem for em busca da solução (chamaremos de profissional) deverá se aprofundar nas condições e meio ambiente do trabalho e nas relações interpessoais de todos que de uma ou outra forma desenvolvem atividades no canteiro de obras.
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Este profissional deve ter experiência e conhecer os meandros de um canteiro de obra, pois não havendo esta experiência a chance de situações previstas não dar certo.
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Um canteiro de obras é um mundo a parte dentro das diversas indústrias brasileiras pois nela o objeto fabricado fica parado e o trabalhador passa por ele e no final vai embora enquanto na indústria estabelecida o trabalhador fica parado e o objeto fabricado passa por e depois vai embora.
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Pensando bem esta é uma grande diferença pois o trabalhador em uma obra é submetido a várias situações de risco, tem contato com contínuo com outros segmentos da obra e se submete a vários tipos de esforços físicos, apenas para citar algumas situações a ele peculiares.
Quando a atenção é voltada para o desgaste mental e o psicossocial o ponto nevrálgico para elidir ou minimizar esta situação é, sem qualquer dúvida, o Ambiente de Trabalho disponibilizado ao trabalhador.
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Novamente a pergunta comum: “Como conseguir este ambiente ideal em uma obra?”
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É possível listar ações básicas para responder esta pergunta, lembrando que cada uma delas pode se tornar em um amplo artigo específico e que outras, a critério do leitor, podem ampliar este elenco.
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De forma expedita e aqui minimizada cabe sugerir:
- Recepção do Trabalhador.
A forma de receber o trabalhador em seu primeiro dia de trabalho e posterior integração ao corpo geral da empresa e ter características que levem o trabalhador a sentir orgulho de ali trabalhar mesmo antes do início de suas atividades é marcante para o trabalhador.
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- Sugestão de temas abordados em Palestra de Integração:
– a empresa e suas características.
– Regras de conivência, como entendê-las, como segui-las no dia a dia e seus benefícios.
– A necessidade de comprometimento com as normas de segurança do trabalho e os benefícios pessoais e coletivos que daí resultam.
– Importância dos EPIs e EPCs durante a jornada de trabalho.
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- Áreas de Vivência.
– Refeitórios, vestiários e sanitários em perfeitas condições físicas e
sanitárias.
– áreas de descanso aprazíveis.
– Locais com mobiliário e ferramental condizente com trabalhador.
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- Supervisores, mestres e demais profissionais em situação de comando.
– Estes profissionais devem receber treinamentos de relações humanas, convivência com a equipe sobre sua responsabilidade, situações de diálogo, possuidores de empatia com os trabalhadores.
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- Controle da carga de trabalho.
– Não permitir acumula de horas extras.
– Garantir dia semanal de descanso.
– Eliminar tarefas que exijam esforço acima do que o trabalhador pode suportar.
– Conferir as ações do trabalhador com suas características físicas.
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As situações acima são, sem dúvida alguma, óbvias, mas será que ocorrem nos diversos locais de trabalho?
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Qual será a opinião dos trabalhadores sobe as condições de meio ambiente a eles disponibilizadas?
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Quais as lideranças que se preocupam em saber as respostas e o posicionamento dos trabalhadores?
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Apresento sugestão de duas situações simples, as quais tenho comprovação prática que funcionam.
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Caixa de Mensagens:
Disponibilizar aos trabalhadores um local onde encontrará papel e caneta para registrar sua opinião e posição sobre o que ele encontra durante o trabalho no tocante às condições de meio ambiente do trabalho em geral e do seu trabalho em particular.
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Na folha o trabalhador não precisará se identificar e após preencher a depositar em urna lacrada específica cuja abertura se dará semanalmente sobre a responsabilidade de apenas um profissional que fará o levantamento e apresentação das sugestões registradas pelos trabalhadores.
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Nas três ou quatro primeiras semanas ali serão encontradas mensagens com piadas e brincadeiras, algumas mensagens de cunho religioso e poucas mensagens com situações ou sugestões com possibilidade de serem usadas pela empresa em benefício dos trabalhadores.
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Após cada abertura da urna os trabalhadores terão acesso à classificação das mensagens com seu número e os autores das mensagens uteis serão chamados por seu(s) superior(es) à discorrer sobre ali proposto.
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Passadas algumas semanas será visível a diminuição dos dois primeiros tipos de mensagem com aumento das mensagens que merecem análise e discussão superior.
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Se a sequência desta ação for levada ao conhecimento dos trabalhadores logo a Caixa de Sugestões ficará vazia, pois, confiando no comando e na empresa, as sugestões passarão a ser verbais e presenciais.
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Quem desenvolver esta ação ficará surpreso com as mensagens que serão levadas pelos empregados com situações pouco conhecidas ou merecedoras de especial atenção do comando da obra.
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Questionário:
Outra ação que trará resultados a curtíssimo prazo é a realização de Questionário simples com cinco ou seis perguntas voltadas para os temas citados acima sobre riscos aos quais o trabalhador estará sujeito.
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O Relatório deve ocorrer mensalmente abrangendo 20 a 40% dos trabalhadores que atuam na obra.
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Recomendo poucas perguntas pois assim o trabalhador responderá rápido, assinalando sua resposta em “ótimo, bom, regular, ruim, péssimo”.
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O trabalhador não precisará se identificar mesmo que na folha tenha espaço para colocação de seu nome.
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Contabilizada as respostas haverá uma tabela que poderás ser de acesso somente do comando da obra ou, a critério deste, dos trabalhadores junto com providências e procedimentos futuros a serem adotados pela empresa.
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Como disse acima este tema pode dar origem a outros textos ampliando cada item, cada situação aqui apresentada.
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Se o leitor explorar o tema certamente não encontrará dificuldades e terá mais facilidade para realizar a análise e a proteção dos trabalhadores no que tange aos Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho que em breve entrará em vigor através das Normas Regulamentadoras Brasileiras.
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Conto com o leitor e sua criatividade para de forma simples adaptar-se às novas regras.
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FONTE: https://www.rsdata.com.br/condicoes-de-meio-ambiente-disponibilizadas-aos-trabalhadores-da-construcao-civil-no-canteiro-de-obras/ – Os textos deste post foram compartilhados do site RS DATA cabendo a estes os direitos autorais.