Alguns erros e preconceitos são historicamente repetidos, isso só contribui para a formação do estigma em torno do suicídio. Por isso é importante que esses mitos sejam desmentidos. Vamos a alguns dos mais comuns:
- MITO: Uma pessoa que pensa em suicídio pensará nisso e terá risco de se suicidar pelo resto da vida.
- Isso não é verdade. Ideações e pensamentos suicidas advém de uma mente em sofrimento e podem ser eficazmente tratados, tirando a pessoa de risco.
- MITO: As pessoas que falam ou ameaçam se matar não farão isso de verdade, pois só querem atenção. Esse pensamento normalmente vem acompanhado de uma frase parecida com “quem realmente quer se matar vai lá e faz, não fica falando”.
- Outra grande mentira! A maioria dos suicidas fala sobre isso ou dá diversos sinais sobre suas ideias de morte. É comum que os suicidas expressem constantemente seu desejo de se matar nas semanas anteriores a ação em si.
- MITO: Se a pessoa que é deprimida e pensa em se matar, aparece sentindo-se melhor num outro momento, o problema já foi resolvido e o risco passou.
- Mentira muito perigosa. É comum que pessoas que decidam suicidar-se sintam-se melhores e aliviados quando realmente tomam a decisão de se matar.
- MITO: Não se deve falar sobre o suicídio, pois pode ser uma “dica” para a pessoa com tendência suicida. Ou porquê o tema é muito triste e não deve ser abordado com uma pessoa já deprimida.
- Errado! Pessoas que pensam sobre o suicídio e gostariam de resolver isso normalmente nem sabem a quem recorrer. Falar sobre o tema pode ser muito importante para aliviar a angústia e tensão que normalmente acompanham esses pensamentos, além de poder ser a chance de mostrar a pessoa que não é a única solução.
- MITO: Os suicídios ocorrem sem aviso, sem que possamos perceber antes.
- Engano! A maioria dos suicídios são precedidos por sinais, tanto verbais quanto comportamentais. É claro que há exceções onde o suicídio ocorre sem aviso. Mas é importante compreender os sinais e ficar atento a eles.
- MITO: Uma pessoa que pensa em suicídio está determinada a morrer.
- Ao contrário. Pessoas suicidas normalmente estão com sentimentos ambivalentes sobre morrer ou continua vivendo. As vezes a pessoa torna o pensamento em ação de forma impulsiva, mas gostaria de continuar vivendo. Ter acesso a suporte emocional no momento certo pode prevenir esse comportamento impulsivo.
- MITO: Apenas pessoas com transtornos mentais cometem suicídio.
- Negativo! Comportamento suicida indica grande sofrimento e tristeza, mas não necessariamente desordem mental. Muitas pessoas vivem com transtornos mentais sem aparecerem comportamentos suicidas, enquanto pessoas sem nenhuma desordem mental acabam cometendo suicídio. Então, não há uma relação direta.
- MITO (O mais polêmico desses): O suicídio é uma decisão individual que não deve ser interferida, pois todos temos direito a exercitar nosso livre arbítrio.
- Não. Por mais que a priori pareça um bom argumento, o problema aí é que o suicídio, quase que invariavelmente, não é uma decisão tomada de forma sadia. O indivíduo com pensamentos suicidas encontra-se em grande sofrimento e sua percepção de realidade está distorcida, além disso a decisão normalmente só é tomada porque a pessoa não consegue encontrar outra solução para aliviar a dor e o sofrimento que sente. É extremamente comum o desejo de se matar passar depois de um tratamento adequado.
O Comportamento suicida
Bom, falamos de alguns mitos e também de alguns fatores que podem aumentar os riscos de suicídio. Mas, e o comportamento do suicida? A OMS aponta três características comuns nos suicidas. São elas:
- Ambivalência: Confusão entre o desejo de viver e de morrer. Há urgência de sair da dor e sofrimento através da morte, mas há também o desejo de sobreviver a isso. Os suicidas não querem realmente morrer, o que eles querem realmente é se livrar da angústia, dor e sofrimento que os atormenta e imaginam que a única saída seja a morte. Com o suporte profissional adequado que ajude a lidar com esse sofrimento, a intenção de suicídio diminui ou até se ausenta.
- Impulsividade: Por mais que um indivíduo planeje o suicídio, o impulso de cometer suicídio dura apenas alguns minutos ou horas. O ato em si sempre é motivado por eventos negativos recentes (como rejeição, fracasso, falência, morte de ente querido, etc). Por isso acolher a pessoa e ser empático nesse momento de crise pode interromper o impulso.
- Rigidez: A pessoa que pensa em recorrer ao suicídio pensa constantemente nisso por ser incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar ou sair do problema. É importante que receba ajuda no sentido de encontrar alternativas.
Há ainda três sentimentos que estão sempre presentes nos suicidas. São eles:
- Intolerável (eu não suporto)
- Inescapável (não tem saída/não vejo saída)
- Interminável (isso nunca vai acabar/não vai ter fim)
Esses sentimentos normalmente estão acompanhados de uma distorção da realidade, avaliação negativa de si mesmo, avaliação negativa do mundo e do futuro, medo irracional e preocupação excessiva.
O que Fazer para ajudar?
- Se você notou alguém próximo a você com mudanças no comportamento, exibindo algum dos fatores de risco aqui apresentados (como abuso de álcool ou drogas, por exemplo), ou percebe que a pessoa está muito pessimista e desesperançosa em suas falas, o ideal é conversar sobre isso. É simples assim, fale abertamente sobre o assunto com essa pessoa, mostre que você está interessado. Isso fará com que o pensamento suicida não seja um enorme peso na mente da pessoa. E finalmente, ofereça ajuda, marque uma consulta com um profissional especializado, vá junto, leve a pessoa para que ela se sinta mais confortável em ter alguém de confiança por perto, informe o que se passa a amigos e familiares se for necessário, para que eles também possam dar esse suporte. Muitas das pessoas que tem oportunidade de conversar sobre a ideia de se matar percebem que existem saídas melhores e não transformam o pensamento em ação. O que nós podemos/devemos fazer?
- Incentivar promoção a saúde mental pública, com grupos de autoajuda em escolas, associações e outros espaços públicos.
- O Governo deve controlar e regulamentar o acesso aos métodos de suicídio mais utilizados (armas, pesticidas, raticidas e etc).
- A mídia deve ser utilizada para campanhas preventivas e não para apenas veicular tentativas de suicídio, tratando o tema de forma sensacionalista.
- Devemos evitar enfatizar apenas métodos empregados por suicidas ou fatos e cenas chocantes, que podem causar horror e reforçar o tabu. O ideal é falar sobre o assunto de forma leve, sempre trazendo à tona meios de prevenção.
- São muito bem-vindas campanhas em empresas e escolas que problematizem o assunto, de forma leve que desconstrua tabus e facilite a prevenção. Se você se sente mal e chega a pensar em se matar, converse sobre isso! Mesmo que a morte pareça a única solução, converse com alguém, um olhar externo pode te mostrar que existem outras alternativas que estavam ali o tempo todo e você não estava enxergando. Caso não tenha com quem conversar ou não se sinta seguro de falar com alguém do seu ciclo, serviços como o CVV atendem 24 horas na internet ou pelo telefone (141), eles estãoali justamente para te ajudar. #Falaréamelhorsolução#emdefesadavida#setembroamarelo
- Fonte:psicologiaparacuriosos.com.br
- Não. Por mais que a priori pareça um bom argumento, o problema aí é que o suicídio, quase que invariavelmente, não é uma decisão tomada de forma sadia. O indivíduo com pensamentos suicidas encontra-se em grande sofrimento e sua percepção de realidade está distorcida, além disso a decisão normalmente só é tomada porque a pessoa não consegue encontrar outra solução para aliviar a dor e o sofrimento que sente. É extremamente comum o desejo de se matar passar depois de um tratamento adequado.