Jornadas exaustivas, imposição de metas abusivas, falta de reconhecimento e autonomia. Todo mundo já passou por situações estressantes no trabalho, a ponto de chegar em casa e ainda estar com a cabeça nos problemas da empresa. Mas o que pouca gente sabe é que as pressões impostas no ambiente corporativo podem estar diretamente ligadas ao desenvolvimento de transtornos mentais graves, como depressão e ansiedade.
Novos dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os casos de depressão estão aumentando globalmente – 18,4% desde 2005 –, e que, até 2020, a doença será a enfermidade mais incapacitante em todo o mundo. No Brasil, em 2016, cerca de 75,3 mil trabalhadores foram afastados pela Previdência Social em razão do mal. Hoje, o país é considerado o campeão de casos na América Latina, com 5,8% da população com depressão.
Para os especialistas, a situação evidencia a necessidade de colocar esse tipo de transtorno mental no topo da lista de preocupações de políticas públicas e das empresas. “O pouco controle sobre o ritmo de trabalho, associado a cobranças agressivas, ambientes competitivos e falta de recompensas adequadas ao nível de dedicação trazem, além de insatisfação, grande angústia e ansiedade para o dia a dia do trabalhador. Afetam, assim, o seu desempenho profissional, as relações sociais e a sua saúde física e mental”, explica o psiquiatra Erick Petry, ressaltando que, na maioria das vezes, quem está ao redor não se dá conta de que aquele funcionário precisa de ajuda.
Além da depressão, os transtornos de ansiedade e o esgotamento emocional – também conhecido como síndrome de burnout – aparecem como os distúrbios mentais mais comuns entre os trabalhadores. São desencadeados, muitas vezes, pelo estresse exigido pela própria profissão. Os casos mais frequentes envolvem bombeiros, militares, policiais, jornalistas, altos executivos, médicos, economistas e professores.
Transtorno ainda enfrenta muito preconceito
A depressão é uma doença multifatorial. Ou seja, é resultado de complexas interações entre fatores genéticos e ambientais. Sintomas como falta de motivação, energia e prazer em realizar atividades diárias costumam anteceder sua característica mais comum, a tristeza profunda. Infelizmente, menos da metade das pessoas deprimidas recebem os cuidados de que necessitam.
Para Dr. Petry, além da dificuldade de um diagnóstico preciso e do medo e da vergonha em buscar ajuda, outro obstáculo enfrentado pelos pacientes é entender – e fazer com que os outros entendam – que a depressão não se trata de uma frescura ou só uma fase difícil, mas sim de uma doença complexa que pede atenção, cuidado e acompanhamento médico frequente.
As doenças mentais sofrem preconceito porque não são visíveis. Por isso, além de oferecer suporte e trabalhar na prevenção da depressão, as empresas devem criar ambientes agradáveis e positivos, em que os funcionários possam falar abertamente sobre suas angústias e dificuldades.
Como aliviar o estresse no ambiente de trabalho
Seguir algumas recomendações pode ser fundamental para aliviar o estresse no ambiente de trabalho, ajudando a melhorar a sua saúde mental e qualidade de vida:
– Desenvolva a autoconfiança. Pessoas que se sentem seguras para expressar suas opiniões têm mais autonomia e sucesso nas relações de trabalho.
– Ao chegar em casa, desligue o celular do trabalho e não entre no e-mail da empresa.
– Evite trabalhar em lugares insalubres, inadequados e desorganizados, que incentivem a competitividade, foquem somente nas metas e não reconheçam os esforços dos funcionários.
– Faça pausa entre as atividades. Às vezes nos empenhamos em terminar uma tarefa a qualquer custo e nos esquecemos do tamanho do desgaste
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