Riscos Associados à Utilização de Esmerilhadeiras Pneumáticas em Fundições
As esmerilhadeiras pneumáticas são usadas na grande maioria das fundições e aciarias em todo mundo, para o acabamento, desbaste e corte de cavacos em peças leves e pesadas.
Logicamente, existem vários motivos para que estas ferramentas sejam tão populares nestes segmentos industriais e o maior deles está associado à agressividade do ambiente de trabalho.
Há de se levar em consideração que as tarefas de esmerilhamento, desbaste bruto, corte ou mesmo acabamento leve produzem uma enorme quantidade de partículas metálicas ou abrasivas provenientes tanto da peça processada quanto do desgaste natural dos discos e rebolos abrasivos utilizados.
Essas partículas circulam livremente no ar, no piso e na esteira da linha de processo de acabamento, quando não há dispositivos ou equipamentos de sucção de pó. Existem três pontos a serem considerados inicialmente:
1) Diferentemente de outros tipos de ferramentas, as esmerilhadeiras pneumáticas possuem pressão interna (6,3 bar) bem maior do que a externa/ambiente (1 bar).Por essa razão, as partículas abrasivas do ambiente não devem entrar no motor da ferramenta, uma vez que a pressão positiva interna da esmerilhadeira funciona como uma barreira física. Esse é o motivo principal da popularidade destas ferramentas nas fundições e aciarias.
2) As partículas metálicas geradas pelo desbaste do fundido tem formato semelhante ao de uma vírgula, sendo altamente escorregadias pelo seu formato arredondado, na maioria das vezes. Escorregões e acidentes com os operadores, visitantes e transeuntes não são raros neste tipo de indústria. Assim, varrer e limpar o piso constantemente deve ser parte da rotina de trabalho.
3) Na maioria das fundições, existe uma grande preocupação em controlar o pó gerado nas tarefas de acabamento dos fundidos, o que não é fácil, porém factível.
Riscos e acidentes
Fig. Esse gráfico, que consta na ISO 5349, exemplifica a possibilidade de se contrair a síndrome de Raynaud quando exposto à vibração constante.
Riscos associados à potência das esmerilhadeiras
Sabemos que potência é a capacidade de uma esmerilhadeira executar um trabalho em certo tempo.
Obviamente, a ferramenta que fizer a tarefa em menor tempo é a escolhida. É claro que isso faz sentido, pois quando se reduz o tempo para executar uma tarefa, reduz-se também o custo da mão de obra do operador.
No entanto, há de se avaliar com cuidado a relação potência X peso e o consumo de ar da esmerilhadeira. Onde estão os riscos relacionados à potência da ferramenta?
Ferramentas com potência insuficiente para executar uma determinada tarefa obrigam o operador a aumentar a força de avanço sobre a esmerilhadeira, o que é muito perigoso.
Quando o operador percebe que por mais que ele coloque pressão sobre a ferramenta o desbaste da peça na qual trabalha, ao invés de melhorar, piora mais ainda, fica fácil encontrar explicação.
Se a ferramenta não tem potência suficiente para a tarefa, a tendência do motor é reduzir cada vez mais a rotação do disco de desbaste sobre a peça trabalhada, chegando às vezes até a parar se a força de avanço for feita por um operador mais forte.
Tudo isso devido ao atrito do disco abrasivo com a peça trabalhada e à pouca potência necessária que a ferramenta oferece para executar aquela tarefa.
Este cenário pode ocasionar acidentes como:
– O disco abrasivo pode romper pelo excesso de força de avanço, causando acidentes graves, principalmente se mal armazenados, úmidos ou mesmo com microtrincas;
– Pelo esforço e postura inadequada, o operador pode se desequilibrar e cair sobre a ferramenta;
– Esforços contínuos e torções no punho do operador podem causar doenças “do trabalho”;
– A vibração da ferramenta aumenta, levando ao risco de doenças como a mão branca, por exemplo;
– Pelo esforço, há o risco de quebra do punho auxiliar da ferramenta;
– Cavacos maiores podem atingir os operadores vizinhos ou transeuntes;
– Superaquecimento e enfraquecimento do disco abrasivo;
O gatilho de segurança e riscos de acidentes graves
A maioria das esmerilhadeiras pneumáticas possui ou deveriam possuir travas de segurança no gatilho de acionamento.
Assim, cada vez que a ferramenta for acionada, ela está travada, devendo ser mantida pressionada para que o gatilho também seja pressionado e libere a entrada de ar comprimido no motor.
A principal função desta trava é evitar que a ferramenta, caso escape da mão do operador, não alcance o piso ligado.
O problema é que grande parte dos operadores considera essa trava desconfortável e inútil, principalmente aqueles que nunca viram um acidente deste tipo acontecer.
Desta forma, alguns operadores retiram a trava de segurança ou simplesmente a inutiliza com fitas adesivas, expondo-se ao risco de acidentes muito perigosos.
Acidentes com discos abrasivos
Todo disco ou rebolo abrasivo tem um rótulo que informa a rotação máxima permitida para o seu uso seguro.
Na plaqueta da esmerilhadeira também é informada qual a rotação que esta ferramenta trabalha quando acionada.
Suponha que o rótulo de um certo disco abrasivo informe que a rotação máxima permitida para que ele seja usado é de 6 mil rpm. E um operador instalou este disco em uma esmerilhadeira que opera com 8.500 rpm, conforme informado na plaqueta da máquina.
Nesse caso, quase que instantaneamente haverá a desintegração física deste disco. Cavacos e cacos do abrasivo serão lançados para todos os lados, podendo causar acidentes graves.
O mínimo que se pode esperar é que a ferramenta esteja com o protetor de fagulhas instalado e o operador esteja usando todos os EPIs adequados (avental, luvas e ombreiras de raspa de couro, protetor auricular, óculos e botas de segurança).
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