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COVID 19 E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: PANDEMIA DUPLA PARA AS MULHERES!

A experiência de outros países tem mostrado que em tempos de isolamento social, os casos de violência doméstica têm aumentado. Assim, para além dos riscos advindos da Covid-19, o Estado brasileiro precisa estar preparado para mais este desafio que coloca em risco a vida das mulheres.

Segundo a ONU Mulheres[1] o aumento dos riscos da violência doméstica, em contextos como o atual, acontece devido ao aumento das tensões dentro de casa, já que mulheres em relacionamentos abusivos e violentos em isolamento social ficam expostas ao seu abusador por longos períodos de tempo, o que dificulta ligações telefônicas para disque-denúncias ou para a polícia, uma vez que o abusador está sempre por perto.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, em 26% dos casos em que as mulheres sofreram agressão física, o agressor era o cônjuge ou ex-cônjuge (em outros 11% dos casos era um parente e em mais 32%, uma pessoa conhecida). Olhando especificamente para os casos de violência doméstica, a Pesquisa Data-Senado de 2017 mostra que 74% das mulheres que sofreram algum tipo de violência doméstica foram agredidas por homens com quem tem ou tiveram um relacionamento[2].

Em tempos de restrição de mobilidade, as sobreviventes da violência também podem enfrentar dificuldades em se afastar do agressor devido ao estado de insegurança financeiro agravado com a pandemia. Vizinhos e parentes podem ajudar a contatar a polícia caso suspeitem que a violência está ocorrendo.

Alguns países já registraram aumento da violência contra as mulheres. Na China[3], o primeiro país a adotar o isolamento para prevenção da Covid 19, o número de denúncias de violência doméstica dobrou durante o confinamento de janeiro a março – comparado com o mesmo período de 2019. Na França[4], em uma semana de restrições, abusos domésticos reportados à polícia subiram 36% em Paris e 32% no resto do país, incluindo dois casos de feminicídio.

Todos os Estados devem direcionar esforços para conter a ameaça da Covid-19, mas não se deve esquecer as mulheres e crianças vítimas de violência doméstica. A fim de proteger o direito a uma vida livre de violência, os governos devem encontrar soluções de políticas públicas para apoiar mulheres e crianças nesse momento de extraordinária tensão social.

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Fonte: http://anesp.org.br/