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“Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve”

ANÁLISE

“Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve”

MARIO SERGIO CORTELLA

ESPECIAL PARA A FOLHA

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Para quem pode escolher, uma encrenca, e, acima de tudo, uma rima e trocadilho pobre: a escolha da escola.

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Se distrair, pode ser a escolha da escória, a escolha da esbórnia, a escolha da esfola, a escolha da corriola e, até a escolha da ampola (que não é rima boa e nem solução).

Ou, quem sabe, a escolha da sapiência, a escolha da excelência, da competência, da congruência, a escolha da decência. Qual delas? Escola carola? Escola gabola? Escola gaiola? Escola degola? Escola cartola?

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Critérios?

Nenhum basta por si. Não é suficiente nem o que leva em conta o número de aprovados no arcaico vestibular (uma mera corrida com barreiras, enquanto que vida é maratona, que exige ritmo e persistência, para além do preparo imediato); também não vale apegar-se somente aos indicadores oficiais de avaliação, pois há escolas que “treinam” discentes exatamente para fazer aquele tipo de exame.

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O que vale, e muito? Conversar com outros pais que já passaram por esta fase de escolha; dialogar com crianças e jovens que vivenciam aquele lugar; visitar locais durante as aulas (pois a vida escolar pulsa com alunos presentes), passear pelo pátio, sala dos docentes (é alegre, enfeitada, tem mural com avisos inclusive do sindicato?), banheiros (lendo atrás das portas para ver se são só palavrões hormonais), laboratórios, biblioteca (com livros em ordem, mas sem estarem imóveis, como se fossem inanimados?), verificar o plano pedagógico e, sem dúvida, custo (nada é caro se vale o retorno oferecido).

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O melhor? Lembrar do Gato no País das Maravilhas: quando Alice pede a ele ajuda, querendo saber para onde ia aquela estrada na qual estava, a réplica feliniana traz a pergunta mais funda a fazer diante de uma escolha: Para onde você quer ir? A menina, desolada, diz não saber, pois estava perdida. O gato fulminou: para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve…

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MARIO SERGIO CORTELLA, professor-titular da Pós-Graduação em Educação da PUC-SP; foi secretário municipal de Educação de São Paulo