Diante da recente postergação do início da validade do PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS, parece-me ser o momento mais oportuno para escrever alguma coisa sobre isso. Sim, porque até então lemos e assistimos uma série de coisas sobre o assunto boa parte deles mais voltados e focados nos anseios do que na realidade que a “novidade” de fato trás.
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A vivência e a experiência são bases para compreendermos determinadas situações; A Área de Segurança e Saúde no Trabalho quase sempre viveu e sobreviveu apertada entre uma realidade cruel e as iniciativas de alguns – geralmente os próprios especialistas. Por conta disso durante décadas parte da nossa gente se dedica a aumentar mais o tamanho e quantidade dos papeis do que de fato conseguir alguma forma de realização prática. De certa forma muitos dos nossos se especializaram em justificativas e não em soluções. Na minha forma de ver sempre houve mais beleza em uma simples proteção instalada em uma máquina e cumprindo seu papel do que em boa parte de certos documentos – mesmo que sejam bastante completos e bem apresentados.
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Historicamente a questão da prevenção aqui no Brasil está diretamente associada à existência ou não de uma lei, uma norma ou algo que valha. Esse modelo que inicialmente pode ter ajudado muito ao longo do tempo deixou como legado a cultura do simplesmente temos que cumprir e é muito comum alguém perguntar se existem normas para isso ou para aquilo – como se pudéssemos criar normas para todas as coisas e mais difícil ainda definir uma norma para o bom senso.
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Na verdade, como já escrevi certa vez existe uma ideia de que um dia surgirá a “Norma ou programa Messias”, aquela que virá para redimir a tudo e todos nas questões da prevenção. Claro que imaginar que uma norma por si possa mudar séculos ou décadas da mentalidade coletiva equivocada é uma utopia de péssimo gosto e qualidade.
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Novidade mesmo em meio a tudo isso é que o Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR rompeu uma tendência crescente de sofisticação e complicação da segurança e saúde no trabalho e isso poderia e deveria ser festejado não fosse à cultura dos próprios especialistas que ao longo da vida aprenderam que quanto mais complicado, complexo e completo um documento ou programa de segurança e saúde no trabalho é bom. Claro que isso jamais foi ou será verdade para nossa realidade. Obvio que também que essa forma de ver contribuiu e ainda coopera para uma prevenção que poucos entendem e por isso menos ainda conseguem praticar. Falta percepção mais aguçada sobre a realidade brasileira para nossos especialistas.
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Os desagradáveis realistas há muito tempo falam sobre isso; Temos a necessidade de saber colocar nossos saberes no formato e jeito que pessoas não especialistas possam praticar. Precisamos compreender e revisar nossas formas de trabalhar – prevenção de acidentes e doenças do trabalho não é um prato feito que quando maior é parece melhor para ser consumido. Pensando assim talvez tenhamos uma compreensão melhor – e essa capacidade de análise é muito pertinente aos que estudaram e compreenderam – sobre algumas coisas, sobre parte das causas de alguns problemas e muito especialmente sobre o pouco desenvolvimento da segurança e saúde no trabalho.
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Durante anos e mais anos a segurança e saúde no trabalho brasileira foi recheada de jargões, conceitos e novidades. Claro que isso funcionou e funciona em alguns lugares. No entanto a realidade demonstra que estamos longe demais de qualquer coisa ampla e sustentável em termos de prevenção. Na melhor das hipóteses somos o 4º pais do mundo em termos de acidentes do trabalho – e pensando que talvez seja o primeiro em termos de estatísticas não confiáveis à situação pode ser bem pior – isso é claro se não tocarmos no desagradável mundo dos acidentes e doenças que ocorrem na informalidade.
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Diante disso tudo e muito mais – parece que seja bom buscarmos o entendimento que o PGR não é uma nova edição da complicação, mas uma tentativa bastante interessante de trazer o gerenciamento para o entendimento de todos e ocorrendo isso para que mais pessoas possam se dedicar a cuidar do assunto. Claro que uma ideia simples em um pais onde em cada esquina se busca tornar tudo mais difícil – acaba não sendo compreendida e se entendida parece que muitos não desejam compreende-la. Mas creiam, esse esforço é essencial para que ao menos tenhamos uma base para uma prevenção que atinja mais do que as grandes organizações.
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Identificar perigos, avaliar riscos e definir um nível de risco ocupacional (e certamente muitas pessoas, entre elas empresários, lideres e mesmo trabalhadores não fazem ideia do que signifique a palavra ocupacional) é a base para qualquer ação na direção da prevenção. A simples IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS gera uma visibilidade sobre o que as atividades que são realizadas podem causar abre uma janela que poderá por luz sobre uma questão que muitos não conseguem ver. E aqui com certeza entra a questão de saber para quem fazemos e mais ainda da forma que precisamos fazer. Claro que todo mundo sabe da importância do profissional especializado em SST como difusor e educador para conceitos básicos.
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AVALIAR RISCOS induz a uma forma de pensar pouco praticada na maioria das organizações brasileiras – e não apenas para questões de segurança e saúde no trabalho – e nos coloca no caminho do pensar a prevenção, em compreender melhor as questões das medidas de controle não as associando simplesmente ao cumprimento de normas ou como forma de se livrar de problemas jurídicos. Nesse momento muitos podem alegar que isso será mais um papel – e mesmo que seja – se tiver a clareza que a NR 1 definiu será muito mais útil do que folhear um imenso volume em busca de algo para se entender e fazer.
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DEFINIR O NIVEL DE RISCO OCUPACIONAL certamente levará as pessoas a um melhor entendimento sobre o que certo tipo de trabalho realizado em certas condições pode causar e se feito corretamente – com a participação coletiva – implicar em maior envolvimento e comprometimento em relação ao assunto.
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Um pouco adianta o desenvolvimento dos PLANOS DE AÇÃO será também um exercício para que possamos resolver problemas de uma forma menos isolada.
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Claro que sei, claro que todos vocês sabem que pelo conhecimento das Diretrizes de Sistema de Gestão há tantas outras questões que podem ser agregadas – mas não é essa a ideia, intenção ou finalidade. Todos nossos conhecimentos são importantes, mas nem oportunos. Primeiro feijão com arroz bem feito, depois quem sabe, mais.
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Por fim, um alerta sobre a menção da necessidade de considerar o disposto nas normas regulamentadoras para todo o processo, ou seja, vamos inventar menos e aproximar mais pessoas que não conhecem ou não tem intimidade com a legislação pertinente – e de certa forma dar vida e demonstrar a prática do que para a grande maioria se resolve com emissão de papeis. O PGR pode ser um grande aliado na tradução das normas em práticas e isso seria de grande utilidade para a prevenção como um todo.
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Fonte: https://rsdata.com.br/programas-nao-mudam-realidades-pessoas-podem-mudar-tudo/