Após o último dia dos animais na granja, antes do abate, muitos produtores acham que as perdas, em termos de rendimento e qualidade da carne, são mínimas, porém um manejo mal realizado nesse período pode comprometer o resultado final esperado, gerando uma surpresa nada agradável ao produtor. Para que isso não ocorra – e todos saiam perdendo – é responsabilidade das agroindústrias, produtores, transportadores e do poder público, assegurar boas práticas de manejo.
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Apesar de todos estarem envolvidos, os produtores são responsáveis por seguir as normas e acompanhar diretamente algumas etapas, como: tempo de jejum, transporte, tempo e distância do transporte. Indiretamente, algumas etapas podem ser monitoradas e solicitadas ao abatedouro, como: desembarque, tempo de descanso, escoriações/fraturas e padrão de qualidade da carne
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Com isso, iremos discutir um pouco mais sobre os pontos importantes que devem ser levados em consideração para as boas práticas do manejo de suínos pré-abate.
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1. TIPOS DE ESTRESSE
O conceito de bem-estar da Farm Animal Welfare Council – FAWC (2009) considera que: para as condições de bem-estar do animal, os animais dentro da cadeia produtiva devem estar livres de fome e sede; dor; doenças; ter liberdade para expressar seus comportamentos naturais e estar livre de medo. Vários mercados que importam carne suína do Brasil exigem que essas liberdades sejam cumpridas.
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Entretanto, muitos produtores entendem que o fim do clico produtivo se dá quando os animais chegam à idade e peso esperado, com uma conversão alimentar adequada, porém vamos explorar uma etapa crucial do processo produtivo que devemos dar uma atenção especial, o manejo pré-abate. Além de abertura de novos mercados, a adequação dos métodos de bem-estar na produção animal e no manejo pré-abate contribuem para o aumento de produtividade.
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O estresse pode ser compreendido como qualquer fator que possa ferir essas liberdades e, nesse caso, o estresse tem sido associado com a ocorrência de mortes durante o manejo pré-abate ou com a chegada de animais ao abatedouro e estes podem ser causados por alguns fatores, como ilustrado abaixo:
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Cada fator tem a sua importância dentro do processo e vamos discutir alguns pontos importantes dentro do manejo pré-abate, visando agregar informações para a correta tomada de decisão para evitar perdas econômicas e de qualidade do produto final.
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2. JEJUM PRÉ-ABATE
O primeiro ponto após se definir a data de venda dos animais é separar os lotes destinados à venda e definir em qual horário será fornecido o jejum. Pode parecer estranho, mas o jejum pré-abate é de extrema importância para a cadeia produtiva (PELOSO, 2002). Para esse manejo o responsável deve retirar toda a ração por 16 horas antecedentes ao abate, nesse caso pode-se subtrair do tempo de transporte às 16 horas previstas e marcar em qual hora do dia deve-se retirar toda a ração. Lembrando que a água deve ser fornecida sem restrição aos animais. Uma dica seria deixar as luzes do galpão e/ou baias apagadas para não aumentar o estresse dos animais.
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Essa prática contribui muito para a redução da taxa de mortalidade durante o transporte, diminuição do volume de dejetos e das ocorrências de vômitos durante o transporte, facilita e aumenta a velocidade do processo de evisceração na linha de abate no frigorífico e possibilita maior segurança alimentar (DALLA COSTA, 2006).
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3. CONDUÇÃO E EMBARQUE DOS ANIMAIS NO CAMINHÃO
Essa fase pode ser considerada crucial para o produtor, pois nesse momento todos os animais previamente selecionados irão se dirigir para o caminhão que fará o transporte até o frigorífico (COSTA, et al., 2005). Nesse momento, é importante olhar a condição física dos animais, assim como se há algum animal refugo. Caso sejam notados animais com alguma anomalia é aconselhável a separação dos mesmos e que a venda do animal seja impedida, evitando maiores transtornos no frigorífico.
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A tarefa pode parecer fácil, porém conduzir os animais da baia até o caminhão requer um bom planejamento. Não é recomendado a soltura de todos os animais no corredor do caminho de embarque, pois pode aumentar muito o estresse dos animais e, caso um animal venha a empacar, ficará muito difícil conduzir os demais com o corredor cheio. Uma dica pode ser a utilização de placas de condução e chocalhos para evitar o contrafluxo dos animais durante o embarque e possíveis lesões no colaborador que tem a missão de conduzi-los.
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avaliando o efeito do tamanho do grupo, constataram que grupos pequenos, de quatro a cinco animais, levados à rampa de embarque, são mais fáceis de manejar e estarão menos suscetíveis ao estresse. FAUCITANO (2000), por outro lado, afirma que o momento de interação entre homem e animal é o estágio mais crítico antes do embarque, pois ao mudar de ambiente são induzidos a uma atividade física moderada nos corredores e rampas, o que pode deixar os animais nervosos, dificultando o manejo. Os animais não devem sofrer agressões, choques, traumas e qualquer tipo de manejo que prejudique seu bem-estar, mas esse processo deve ser feito da forma mais ágil possível.
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4. TRANSPORTE E DESEMBARQUE NO FRIGORÍFICO
Após o embarque dos animais é dever do motorista compreender que sua carga é viva e merece algumas atenções especiais. É recomendado que os animais sejam transportados nas horas mais frescas do dia (início da manhã ou final da tarde) e molhados por um período de, no mínimo, 30 minutos, com auxílio de aspersores ou com mangueira de baixa vazão. Esse procedimento ajudará a abaixar a temperatura corporal dos animais de forma rápida e diminuir o estresse que o embarque provavelmente causou. Países importadores de carne suína vêm criando regulamentações para estabelecer normas especificas para atender o bem-estar dos animais.
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Há pelo menos dois sistemas para medir o estresse e que podem ajudar os envolvidos no processo de tomada de decisão, sobre a melhor forma de transportar os animais. Um deles é através do comportamento e o outro pela avaliação na carne dos animais que pode levar a uma perda de qualidade.
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Para garantir um adequado transporte e reduzir as perdas por estresse, logo que chegam ao frigorífico, os animais devem ser desembarcados e levados para área de descanso. Quando não há possibilidade de desembarque imediato, os veículos devem aguardar em um local arejado, livre de sol e que os animais tenham acesso à água.
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Apesar de o desembarque ser considerado menos estressante que o embarque, existem alguns cuidados que devem ser tomados, como: a inclinação e piso da rampa de desembarque, desembarque gradual dos animais, acessórios de manejo adequados, ambiente protegido das condições climáticas, sem barulho para evitar aglomerações e pânico, estresse e hematomas em carcaças.
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Após o desembarque, devem ser submetidos à dieta hídrica, para recuperar os animais desidratados durante o transporte, reduzir o estresse térmico, facilitar a eliminação do conteúdo gastrointestinal, evitando assim que as vísceras sejam rompidas durante a evisceração e posterior contaminação de carcaça.
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5. TEMPO DE DESCANSO E ABATE
Após passar por todos os processos que antecedem o abate, os animais precisam ficar em descanso por um período de, no mínimo, 3 horas. Esse período é importante para que os animais se hidratem, recuperem-se do estresse do transporte e desembarque e para retornar os níveis de glicogênio muscular que são importantes para o processo de transformação do músculo em carne. Também é importante que as baias de espera sejam bem projetadas – em temos de tamanho – para não se tornarem outro agente estressor aos animais. Para animais de 100 kg de peso vivo é indicado 0,60 m² por animal. Estudos mostram que o número de lesões provenientes de brigas pode chegar a 30% (JACINTO, 2017). Os animais devem ter livre acesso à água limpa e abundante, de modo que 15% dos animais devem poder beber água simultaneamente.
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O ponto final do processo se resume ao abate propriamente dito e ele pode ser divido em algumas fases, que são importantes para garantir a boa qualidade da carne. A primeira dessas etapas é a recepção, e nela o uso de água aspergida sobre os animais que ajuda em 2 pontos: lavagem previa do couro e “antistress” dos animais. O importante é que a água seja clorada e que dure em média 3 minutos. Após isso os animais são conduzidos para a insensibilização, que consiste na instantânea e completa inconsciência. Geralmente, é feita por choque elétrico, com alta voltagem (350-750V) e baixa amperagem (0,5-2,0A), atrás da orelha do animal (fossas temporais) e esse processo dura em média de 6 a 10 segundos.
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Para essa operação é de extrema importância que o frigorifico treine muito bem o colaborador responsável para que não seja dado um choque excessivo nos animais e em regiões incorretas, pois isso pode causar dor e queimaduras na carcaça dos animais.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para terminar essa troca de informações não deixe de conversar com todos os elos da cadeia (produtores, colaboradores, motoristas, frigoríficos e agroindústrias) e ressaltar a importância de se adotar boas práticas. Com toda certeza, os ganhos provenientes da aplicação de um correto manejo pré-abate serão colhidos por todos, sem exceção, e fortalecerão toda a cadeia.
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Fonte: https://agroceresmultimix.com.br/blog/boas-praticas-no-manejo-pre-abate-de-suinos/