PARTÍCULAS DO NOVO CORONAVÍRUS SUSPENSAS NO AR PODEM INFECTAR PESSOAS, DIZEM CIENTISTAS. A OMS informou que os especialistas do órgão estão revisando os apontamentos feitos em carta assinada por 239 cientistas. Estes afirmam que as partículas do Sars-CoV-2 no ar são infecciosas e pedem adoção de novas medidas de proteção em locais fechados, como ventilação e filtragem do ar.
Um grupo de 239 cientistas alerta em uma carta aberta que partículas do novo coronavírus (Sars-CoV-2) suspensas no ar podem infectar pessoas, ao contrário do que estabelece a Organização Mundial da Saúde, OMS. Segundo os especialistas, o risco é maior em ambientes fechados.
- Os 239 cientistas dizem que ” a transmissão aérea parece ser a única explicação plausível para vários eventos de superespalhadores que ocorreram sob tais condições [ em ambientes fechados] e outros onde as recomendações relacionadas à transmissão direta de gotículas foram seguidas.”
- Atualmente, a OMS diz que o coronavírus se espalha principalmente por gotículas respiratórias maiores e que não há comprovação de que há transmissão por partículas virais suspensas no ar.
- Após a carta, que pede novas medidas de proteção contra o coronavírus que considerem a transmissão pelo ar, a OMS disse que está “revisando seu conteúdo”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), que mantém a posição de que o coronavírus causador da Covid-19 se espalha principalmente por gotículas respiratórias maiores, como em tosses e espirros, informou ao G1 que está revisando as informações da carta assinada pelos cientistas.
“Estamos cientes do artigo e estamos revisando seu conteúdo com nossos especialistas técnicos”, afirmou em nota a OMS.
Antecipada pelo jornal americano The New York Times no domingo (6), a carta assinada pelos cientistas afirma que somente as medidas atuais recomendadas pela OMS não são capazes de conter a transmissão do coronavírus.
“A lavagem das mãos e o distanciamento social são apropriados, mas, a nosso ver, insuficientes para fornecer proteção contra micropartículas respiratórias portadoras de vírus, liberadas no ar por pessoas infectadas. O problema é especialmente pior em ambientes fechados, particularmente aqueles que estão lotados e com ventilação inadequada em relação ao número de ocupantes, e em períodos de exposição prolongados”, aponta a carta publicada nesta segunda-feira (6).
Diante da possibilidade de infecção do coronavírus pelo ar, os cientistas sugerem a adoção das seguintes medidas, inclusive pela OMS:
- Ambientes fechados tenham ventilação eficaz (ar limpo e filtrado), particularmente em edifícios públicos, ambientes de trabalho, escolas, hospitais e casas de repouso de idosos
- Locais fechados adotem controles de infecção aérea, como filtragem do ar de alta eficiência e luzes ultravioletas germicidas
- Os locais evitem a superlotação, principalmente em transportes e edifícios públicos
- Quando não for possível uma ventilação mecânica, deve-se manter portas e janelas abertas para garantir o fluxo de ar pelo ambiente
A carta alerta que tais medidas são mais importantes ainda neste momento, em que os países estão em processo de reabertura e de retomada das aulas em escolas e universidades.
“Esperamos que nossa declaração conscientize que a transmissão aérea do COVID-19 é um risco real e que as medidas de controle, conforme descritas acima, devem ser adicionadas a outras precauções já tomadas para reduzir a gravidade da pandemia e salvar vidas”, estabelece o documento.
Estudos anteriores já demonstraram a possibilidade de transmissão do vírus mesmo em aerossóis ainda menores, que ficam suspensos por horas no ar.
No mais recente comunicado sobre o novo coronavírus publicado pela OMS, o organismo insiste que os estudos feitos na China não evidenciaram esse tipo de transmissão, por partículas virais suspensas no ar. Porém, os cientistas contestam essa versão.
Segundo a reportagem, a conclusão significaria que diversos estabelecimentos, inclusive escolas, precisariam garantir bons sistemas de ventilação e filtros de ar poderosos para abrir durante a pandemia, além da necessidade do uso de máscaras — medidas já adotadas em algumas empresas ou por certos governos. O jornal também sugere que luzes ultravioletas podem ser utilizadas para matar partículas virais flutuando nesses espaços fechados.
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Fonte: https://g1.globo.com