Cuidados em Ambientes de Trabalho Tóxicos e Asfixiantes
Os riscos ambientais presentes na indústria são diversos. É por isso que muitos agentes químicos físicos e biológicos são avaliados constantemente pelo departamento de saúde e segurança do trabalho, com o intuito de evitar a incidência de seus efeitos danosos sobre os trabalhadores.
Entre todos esses perigos, o contato com gases ou vapores nocivos merece uma atenção especial, já que a inalação de ar tóxico pode ter consequências letais, apesar de a sua presença passar (muitas vezes) despercebida pelos empregados.
Neste post, você vai conhecer os principais cuidados a serem tomados em ambientes tóxicos e asfixiantes para proteger sua equipe.
O que é um ambiente de trabalho tóxico ou asfixiante
Diversos ambientes de trabalho, como cômodos no subsolo, porões, galerias, galpões, entre outros, estão sujeitos à presença de vapores, fumaça, pó, gases ou partículas em suspensão no ar que podem ser perigosos para a saúde quando em contato com o corpo humano.
Seja em virtude da natureza de seus projetos e finalidades, seja pela falta de aplicação das medidas de segurança necessárias, esses locais podem ser considerados de risco tóxico ou asfixiante, devido à presença de agentes perigosos ou contaminantes no ar.
Por esse motivo, torna-se necessária a adoção de medidas adequadas para a minimização dos perigos existentes naquele espaço. A principal delas é a análise do ambiente e do ar, medida por um equipamento de dosimetria de gases (ou um detector de partículas de suspensão).
Esse aparelho deverá identificar a presença e nível de determinados tipos de partículas aéreas que possam causar riscos de irritação, toxicidade ou asfixia. Nesse contexto, vale lembrar que nem todos os gases tóxicos são asfixiantes. No geral, é possível classificar essas substâncias entre os seguintes grupos:
Gases irritantes
São compostos moleculares sem volume fixo, que podem se expandir e gerar algum malefício ao organismo, ao alcançar um ponto suscetível no corpo humano.
Os gases irritantes geralmente provocam danos quando entram em contato com o trato respiratório, os olhos e (em altas concentrações) a pele, podendo até mesmo causar queimaduras químicas. Um exemplo desse tipo de substância é a amônia, geralmente utilizada como gás de refrigeração em indústrias.
Gases asfixiantes simples
Os asfixiantes simples não são necessariamente tóxicos, mas reduzem a concentração de oxigênio local e podem provocar sufocamentos, principalmente quando presentes em alta quantidade.
Alguns exemplos desses tipos de substâncias são o gás metano, butano e GLP (bastante presente em sistemas de aquecimento domésticos).
Gases asfixiantes químicos
Os asfixiantes químicos não apenas reduzem a dispersão de oxigênio em um determinado espaço, mas também impedem a sua utilização bioquímica, ou seja: embora o ar ainda possa ser inalado, o organismo não conseguirá transportá-lo para os tecidos.
São classificados como asfixiantes químicos o monóxido de carbono, sulfeto de hidrogênio, cianeto e gás sulfídrico, que, apesar de inodoro, pode matar em poucas horas.
Em virtude das características desses gases, todos os ambientes de trabalho confinados (cuja ventilação é insuficiente) são considerados como potencialmente perigosos, salvo aqueles em que haja a eliminação de riscos em virtude da adoção e aplicação de medidas de segurança.
Os procedimentos normativos vigentes previstos para permitir o trabalho e monitoramento de pessoas nesses tipos de ambientes estão explícitos na Norma Regulamentadora nº 33, e na NBR 16.577/2017 ( Espaço Confinado – Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção).
Estrutura de ambientes de trabalho tóxicos e asfixiantes
Normalmente, a principal medida de controle e proteção é a adoção de detectores de gases ou vapores fixos, instalados em pontos estratégicos e previamente mapeados nos ambientes de trabalho tóxicos e asfixiantes.
Ao identificar qualquer tipo de ameaça ou vazamento, o dispositivo pode soar um alarme, enviar notificações ou até mesmo acionar o computador de algum técnico de segurança do trabalho para informar sobre o risco.
Além disso, a estrutura do ambiente também precisa contar com a sinalização de produtos químicos (inflamáveis, tóxicos, corrosivos, oxidantes, nocivos, irritantes e explosivos), equipamentos, tubulações ou saídas de emergência, que devem permanecer desobstruídas constantemente.
Para diluir a quantidade de gases tóxicos presente ou manter a sua concentração ambiental no nível mais baixo possível, a ventilação mecânica fixa e portátil é cogitada como uma medida de prevenção, de acordo com as determinações técnicas da NBR 16577.
EPIs para ambientes de trabalho tóxicos e asfixiantes
O uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva é essencial para minimizar o contato com substâncias perigosas em ambientes de trabalho tóxicos e asfixiantes. Os principais deles são:
Máscaras
O uso de máscaras faciais (que cobrem da testa até o queixo) ou semifaciais (cobrem apenas parte do rosto) pode ser fundamental para evitar a contaminação pelas vias aéreas, a depender do gás tóxico no ambiente e tipo de proteção desejada.
Esses equipamentos normalmente têm filtros mecânicos, químicos ou combinados, que podem ser removidos e substituídos ao fim de sua vida útil.
Detectores de gases
Assim como os detectores fixos identificam a presença de gases tóxicos, também existem aparelhos portáteis, desenvolvidos para manter o trabalhador seguro e permitir a realização de testes móveis.
Os dispositivos podem ser anexados ao uniforme e são essenciais para monitorar a exposição do trabalhador de forma contínua, esteja ele parado em algum local ou transitando entre diferentes setores industriais.
Uniformes especiais
Para evitar irritações e queimaduras provocadas por gases ou vapores perigosos, é recomendado o uso de uniformes especiais feitos em PVC/poliuretano ou outros materiais isolantes, em conjunto com óculos, capacete, luvas e botas.
Esses itens garantem a ausência de contato entre o trabalhador e os agentes químicos presentes no ar, protegendo a sua integridade física.
Todos os equipamentos de proteção individual devem, por lei, ser disponibilizados de forma gratuita e em boas condições de uso aos empregados que atuam em ambientes de trabalho tóxicos. Também é importante que todos eles tenham Certificados de Aprovação (CAs) emitidos oficialmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
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Regulamentação para Monitoramento dos Gases Tóxicos
Os efeitos dos gases tóxicos no organismo humano dependem diretamente da concentração (Risco Imediato) e do tempo de exposição – TWA (Efeito Acumulativo). Diante disso, deve-se manter a exposição do trabalhador abaixo do Limite de Tolerância publicado na NR-15 (Confira a norma na integra AQUI) ou em recomendação feita pela ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists. Devem-se comparar os Limites de Tolerância da NR-15 e da ACGIH e adorar o mais restritivo.
Por definição, Limite de Tolerância são as concentrações atmosféricas de um contaminante para quais todos os trabalhadores podem ser expostos repetidamente, dia após dia, ao longo de sua vida de trabalho sem desenvolver efeitos adversos. E são divididos de duas maneiras:
Média ponderada no tempo (TWA – LTEL): a concentração média ponderada no tempo para uma jornada de 8 horas-convencional e uma semana de trabalho de 40 horas, para a qual se acredita que quase todos os trabalhadores podem ser repetidamente expostos, dia após dia, sem efeitos adversos.
Limite de Exposição em Curto Prazo (TWA-STEL): a concentração para a qual se acredita que podem estar expostos continuamente durante um curto período de tempo sem sofrer irritação, danos crônicos nos tecidos ou irreversíveis. O STEL é definido como uma exposição TWA de 15 minutos, o que não deve ser excedido em qualquer altura durante um dia de trabalho.
Essas informações quanto ao TWA, podem e devem ser encontradas nas FISPQ – Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico. Outro ponto importante, é que em casos de trabalho em atmosfera IPVS, os trabalhadores deverão estar treinados e utilizando EPI’s (equipamento de proteção individual) que garantam sua saúde e integridade física.
Tecnologias para Monitoramento de Gases Tóxicos
O mercado oferece diversas tecnologias para a detecção de gás nas atividades industriais. Cada tecnologia, e seus correspondentes instrumentos, podem apresentar melhores ou piores desempenhos de acordo com os tipos de gases, suas concentrações e as características dos processos.
Os sensores eletroquímicos são os mais confiáveis para a medição de gases tóxicos por apresentarem alta seletividade e baixo efeito as variações de umidade e temperatura. As leituras são realizadas em PPM (parte por milhão) ou PPB (parte por bilhão).
Os sensores eletroquímicos se baseiam em reações espontâneas de oxidação e redução, que envolvem o determinado gás para medição de sua concentração. Estas reações geram a circulação de uma corrente entre os eletrodos, a qual é proporcional à concentração do gás que se deseja mensurar.
Se os gases tóxicos fazem parte do seu dia a dia de trabalho, antes de qualquer decisão, você precisa avaliar as concentrações dos gases, seu processo produtivo e as áreas afetadas para, assim, buscar a solução assertiva para manter seus trabalhadores seguros. Com essas informações, você poderá decidir pela melhor tecnologia, quantificar os detectores e instalar os mesmos nos pontos mais críticos de vazamentos.
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