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DIABÉTICOS: UM GRUPO DE RISCO DE COMPLICAÇÃO POR COVID-19

Cada semana que passa, alguns aspectos ficam mais evidentes entre os grupos de pacientes com complicações graves do COVID-19.

Esses pacientes – que evoluem pior e que necessitam ser internados e um subgrupo deles que chega a requerer atendimento em CTI e intubação – têm entre si algumas coisas em comum.

Apesar de descrição de algumas exceções, o principal grupo de pacientes com síndrome respiratória aguda grave que acaba necessitando de suporte ventilatório com respirador ou que evolui para óbito tem predominado nas pessoas mais velhas e com comorbidades.

Apesar de as informações serem atualizadas em tempo real, quando escrevia essa coluna o balanço dos dados apurados no Brasil descrevia as seguintes características dos pacientes que faleceram:

– 90% das mortes tinha ocorrido entre indivíduos com mais de 60 anos e 0% entre os com menos de 20 anos, mas teve ocorrência em um jovem obeso de 23 anos no Rio Grande do Norte;

– 85% apresentavam comorbidades;
– Entre as doenças pré-existentes, 81% tinham cardiopatia e 58% apresentavam diabetes mellitus (DM) e em terceiro lugar estava pneumopatia com 24%.

Os dados me chamaram muito atenção e me fizeram então escrever algumas recomendações para os pacientes diabéticos, com os quais convivo constantemente como endocrinologista na minha prática clínica diária.

Diante desse cenário, que não é muito diferente do que já vinha sendo relatado no restante do mundo, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) divulgou dia 24 de março uma lista de informações que repasso a seguir.

– Pessoas com diabetes não parecem apresentar risco aumentado de contrair o novo coronavírus. Entretanto, uma vez infectado, quem tem diabetes tem mais chance de complicações graves de COVID-19, incluindo maior risco de morte;

– O risco de agravamento de COVID-19 está aumentado tanto para o DM tipo 1 quanto para o DM tipo 2, contudo, o bom controle da glicose pode atenuar o risco de complicações na pessoa com diabetes;

– Tanto no DM1 ou DM2, o risco de agravamento relaciona-se à maior idade e ao tempo de duração da doença, estado do controle metabólico, presença de doenças como hipertensão arterial e complicações do diabetes, especialmente doença renal. Convém lembrar que a COVID-19 também pode causar insuficiência renal independentemente de diabetes;

– Vale ressaltar que pessoas com DM1 podem ter outras doenças autoimunes associadas, como artrite reumatoide, que adiciona um estado de maior comprometimento imunológico ainda mais se estiverem usando altas doses de corticoides.

Como enfaticamente tem sido recomendado pelas autoridades de saúde, e seguindo os exemplos de outros países, o isolamento social é essencial para conter a epidemia do novo corona vírus:

– É fundamental ficar em casa, evitando contato físico com outras pessoas e reduzindo o número de saídas ao mínimo possível e ao estritamente necessário;

– Orientar para pedir ajuda a familiares ou amigos para compras e outras tarefas para pessoas idosas. Deve-se evitar multidões ou aglomerados e, especialmente, contato com pessoas doentes ou com sintomas respiratórios.

SOBRE O USO DE MEDICAMENTOS

– Não utilizar anti-inflamatório nem corticoide para controle de sintomas de COVID-19. Usar essas medicações pode piorar a função renal o controle da glicose. Outros medicamentos, como ibuprofeno, foram recentemente liberadas para uso pela Organização Mundial de Saúde, mas o Ministério da Saúde mantém a recomendação de usar outra opção como analgésico;

– Não alterar as medicações usados no tratamento do diabetes e não suspender o uso de medicamentos para a pressão arterial sem orientação médica;

– Não há, até o momento, nenhuma recomendação para usar o medicamento hidroxicloroquina para prevenir ou tratar COVID-19 (somente restrito a pacientes graves internados). Portanto, não fazer uso como automedicação e não estocar em casa pois haverá prejuízo para as pessoas que realmente precisam como os pacientes que tem lúpus ou artrite reumatoide.

Sendo assim, a maioria dos pacientes diabéticos tem a forma tipo 2 que está habitualmente mais presente em pessoas mais velhas e com alta frequência de terem complicações cardiovasculares, uma combinação “explosiva” para COVID-19 em formas mais graves.

Esses pacientes devem, portanto, manter-se mais do que todos em quarentena, especialmente se estiverem assintomáticos. As receitas das medicações de uso crônico dos pacientes diabéticos tiveram a validade prorrogada pelo governo por 2 meses para ajudar os diabéticos a não sair de casa na busca da renovação da receita.

Obviamente, se houver descontrole do DM com sintomas clássicos da glicose alta, como excesso de urina, sede exagerada, vista embaçada e coceira genital, os pacientes devem procurar o quanto antes seus médicos para ajustar o tratamento.

Em casos específicos e pontuais, mesmo não sendo a situação ideal ou desejável, alguns pacientes de doenças crônicas como o DM ainda terão situações extremas com descontroles agudos das suas condições de saúde.

Nessas situações, a despeito da epidemia de COVID-19, os pacientes podem ter que buscar avaliação em pronto atendimento. A maioria dos setores de urgência e emergência dos hospitais tem procurado manter uma área especifica para pacientes com síndrome gripal e suspeita de COVID-19 separado dos outros setores para atendimento exatamente das outras condições médicas agudas que continuarão acontecendo mesmo com a pandemia “roubando” toda a atenção.

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Fonte: https://www.uai.com.br