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Distúrbios do Sono: Cansaço persistente, irritação, falta de atenção e queda de rendimento.

Cansaço persistente, irritação, falta de atenção e queda de rendimento. Esses comportamentos, facilmente tachados de “preguiça” – na escola ou no trabalho – podem, na realidade, ser resultado de distúrbios do sono. E as consequências não param por aí: levam até ao risco de doença cardiovascular e depressão.
Segundo a dra. Stella Márcia Azevedo Tavares, médica coordenadora da Polissonografia do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), a quantidade de horas de sono necessária varia de acordo com a idade. “Adolescentes precisam dormir mais do que adultos, bem como crianças e idosos têm um padrão de sono diferente, que pode incluir cochilos à tarde”.
A médica explica que há três grandes grupos de distúrbios do sono:
Insônias
Sonolência excessiva
Comportamentos anormais durante o sono
Para quem quer uma noite bem dormida ficam as orientações: “Não fazer exercícios fortes à noite, evitar as refeições pesadas e as atividades estimulantes – como aquelas relacionadas ao trabalho, ou uso de monitores luminosos como tablets e smartphones – e ter um horário certo para dormir e, principalmente, para acordar” ensina a médica.

Fases do sono
O sono tem diferentes fases:
O sono REM (Rapid Eye Moviment – Movimentos Oculares Rápidos) é o do sonho. Os grandes músculos do corpo ficam paralisados para evitar a vivência desses sonhos.
O sono NREM (Não REM – que não tem os movimentos oculares), composto de três estágios, sendo 1 o mais superficial e 3 o mais profundo. Imagens mentais podem surgir nessa etapa; no entanto, não há conteúdo. Durante toda a noite, os estágios se intercalam. Na primeira metade da noite observa-se uma prevalência do sono profundo e, na segunda metade, de sono REM.
Insônia
É um dos problemas de sono mais comuns. Caracteriza-se pela dificuldade em iniciar e/ou manter o sono, despertar precocemente, ou dormir de maneira não reparadora, com repercussão nas atividades diurnas. Alguns dos sintomas diurnos da insônia são irritabilidade, cansaço/fadiga, mau humor, sonolência, dores no corpo, alterações de apetite, déficit de concentração, alterações de memória.
Causas: a insônia aparece em diversas circunstâncias em que ocorre um aumento do alerta cerebral durante a noite. Alguns fatores que podem agravar a condição são ansiedade, estresse, depressão, maus hábitos de sono – como a ingestão – próximo ao horário de dormir – de bebidas alcoólicas, cafeína, chás mate e preto (que funcionam como estimulantes), falta de horário para dormir e acordar, alimentação pesada, prática de exercícios físicos à noite, problemas familiares, econômicos e profissionais. Condições orgânicas, como alterações na respiração e problemas na tireóide também podem fazer parte do problema.
Tratamento: um diagnóstico correto sobre o distúrbio e um estudo para descobrir a causa são essenciais. A partir daí, são indicadas as medidas comportamentais e medicamentosas necessárias para cada caso.

Sonolência excessiva
É caracterizada por muita vontade de dormir sonolência nos momentos em que é necessário estar atento, como ao dirigir, em entrevistas, palestras ou cinema. Muitas vezes, é tão incontrolável que a pessoa chega a dormir em situações perigosas.
• Causas: dormir menos do que o necessário (privação parcial de sono – essa é a causa mais frequente de sonolência excessiva) , distúrbios do sono como, por exemplo, a apneia do sono, alterações no ritmo circadiano (desencontro entre o relógio biológico e os horários sociais) ou outros mais raros como a narcolepsia.
• Tratamento: investigar a causa, levantar o diagnóstico e tratá-lo de acordo com o distúrbio encontrado. Se a causa for dormir menos do que o necessário, tentar aumentar as horas de sono.
Sonambulismo, despertar confusional e terror noturno
Normalmente, manifestam-se em crianças. No sonambulismo, enquanto dorme, a pessoa levanta da cama, anda pela casa e, ao acordar no outro dia, não se lembra de nada.
No despertar confusional, a criança desperta, explora o ambiente, pode apresentar uma expressão facial de surpresa ou confusão e volta a dormir. Geralmente, também não se lembra do fato pela manhã.
No terror noturno, a criança senta na cama e começa a gritar, parece apavorada; mas depois se deita novamente e também não lembra do fato.
Segundo a dra. Stella, não devemos acordar a criança durante o episódio, porque ela está em um estado de consciência que “mistura” sono profundo e vigília. “Ela pode ficar mais confusa e, às vezes, o episódio se prolonga. No sonambulismo e no terror noturno, a melhor postura é manter a calma e esperar passar”.
• Causa: ainda não há uma explicação para esses dois distúrbios.
• Tratamento: na maioria dos casos não é necessário. Essesproblemas costumam desaparecer conforme a criança cresce. É necessário tomar providências apenas para evitar acidentes durante os episódios. Os adultos desenvolvem o sonambulismo como resultado de tensões emocionais, que devem ser tratadas.
Enurese noturna
A criança urina na cama durante a noite.
Há dois tipos: enurese primária, em que crianças com mais de 5 anos não conseguem controlar a liberação de urina; e enurese secundária, em que conseguiam controlar e depois voltam a urinar.
• Causa: não são encontradas no tipo primário. No outro caso, a enurese é proveniente de problemas emocionais. Foi constatado que o distúrbio também pode ser provocado pela falta de um hormônio antidiurético, responsável por controlar a urina.
• Tratamento: se a causa for falta de hormônio, pode ser feito por meio de reposição. Na maioria dos casos entretanto, em que não é constatado problema físico ou hormonal, o tratamento comportamental ou com medicação, por curto período de tempo, é suficiente.
Distúrbio comportamental do sono REM
É mais comum entre homens idosos, embora possa se manifestar em qualquer pessoa. A paralisia, característica normal desse estágio do sono, não acontece; portanto, a pessoa vivencia/realiza o que está sonhando. De acordo com dra. Stella, muitas vezes o comportamento é violento e as pessoas acabam com fraturas, cortes e machucando seus companheiros.
• Causa: pode acontecer associada a outras parassonias (como o sonambulismo) e também em doenças neurológicas degenerativas. Na maioria dos casos dos casos, a causa não é conhecida.
• Tratamento: uso de medicamentos específicos, de acordo com avaliação médica.
Apneia
É um distúrbio com alta prevalência na população. Trata-se da diminuição ou interrupção da respiração por, no mínimo, 10 segundos. Devido a essas alterações respiratórias, o sono fica fragmentado com muitos despertares, conscientes e inconscientes (na maioria deles a pessoa não se lembra de ter despertado).Segundo a dra. Stella, atinge mais os homens de meia idade acima do peso e mulheres após a menopausa, sendo que até mesmo as crianças ou pessoas de qualquer idade podem ser afetadas. Geralmente, a pessoa ronca, acorda cansada, às vezes com a boca seca, fica sonolenta e apresenta queda de rendimento, além de ter um aumento do risco para doenças cardiovasculares.

• Causas: genética, obesidade, características físicas como o aumento das amígdalas (normalmente em crianças) ou, ainda, o estreitamento das vias respiratórias por vários outros motivos.
• Tratamento: cirurgias, uso do CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas) – aparelho que injeta, com pressão, ar comprimido no nariz e assim desobstrui a faringe de forma mecânica -, uso de aparelho dentário, emagrecimento e cuidado medicamentoso.
Como constatar? 
O melhor método é a polissonografia, exame que tem o papel de analisar o paciente enquanto dorme. A observação da pessoa dormindo por parentes/companheiro (a) enquanto ela dorme, geralmente, é insuficiente para o diagnóstico, uma vez que, a maioria das pessoas com apneia do sono não demonstra isso ao dormir (as pausas respiratórias, geralmente são imperceptíveis a essa forma de observação, sendo necessários equipamentos de monitorização específica para o diagnóstico – polissonografia).

Uma noite de sono monitorada por eletrodos e sensores, em um laboratório especializado, é a melhor maneira de se detectar o distúrbio. São acompanhados os movimentos dos olhos e pernas, a atividade elétrica cerebral, a respiração, o teor de oxigênio no sangue, entre outras avaliações.

Segundo a dra. Stella, a polissonografia é o exame que avalia objetivamente o sono de uma pessoa. Ainda é o melhor método para investigar os distúrbios. “É um exame de excelência”, afirma. Antes de ir para o quarto, o paciente preenche um formulário com questões sobre seus hábitos. Na análise, leva-se em consideração o efeito da primeira noite – dormir em lugar diferente com vários aparelhos.
O exame do sono pode ser feito em Clínicas especializadas. Além disso, temos também o exame domiciliar (um equipamento portátil é levado até a casa do paciente a noite e retirados pela manhã). Ele é realizado à noite, de acordo com o horário habitual do paciente.

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Fonte: https://www.einstein.br