– Professor, sei que a análise de acidentes não deve ser feita para achar culpados, mas tem uns trabalhadores que são muito bisonhos. Explico os procedimentos, têm proteções implantadas e ainda assim se machucam.
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– Entendo sua indignação, meu filho, mas pense bem, você acredita que algum trabalhador acorda, toma o café e fica pensando: Acho que hoje é um bom dia para eu me acidentar! Depois ainda complementa: O Técnico de Segurança deve estar sem trabalho e perder um dedo vai fazer com que ele tenha o que fazer.
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– Ok, professor. Sei que ninguém em sã consciência vai fazer isso, mas sempre acho que há displicência por parte de alguns trabalhadores.
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– Este que é o problema, nós avaliamos a situação de fora, após o ocorrido, com todas as informações que não necessariamente estavam disponíveis para o trabalhador.
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– Como assim?
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– Você não sabe exatamente como estava a pressão da chefia, não sabe se o trabalhador estava com problemas pessoais, não sabe se houve uma mudança no processo, se a temperatura ambiente estava mais alta que a usual, causando um maior desconforto, se ocorreu uma situação diferente do procedimento e que o trabalhador tomou uma decisão que realizava com frequência, mas que naquele dia não deu certo. Resumindo, não avaliamos o contexto e acaba-se tentando responsabilizar o acidentado, sem analisar as condições sistêmicas que levaram ao sinistro.
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– Ok, professor, mas então não seria melhor automatizar as atividades de maior risco?
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– A princípio pode parecer ser uma boa ideia, mas além do maior investimento, que não será viável para parte das empresas, ainda há a questão de que nesta substituição, aparentemente, mais confiável, não exclui a variável humana. Ainda teremos a instalação, monitoramento, manutenção e adaptações, ou seja, o ser humano continua sendo muito importante no processo, porém, devido a estar afastado da parte operacional passará a ter menor habilidade prática no caso de problemas durante o processo, além de ter um aumento da carga de trabalho cognitiva.
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– Não podemos esquecer que com novas tecnologias, também teremos problemas novos que não temos como prever devido a não termos vivência no processo.
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– Estava pensando aqui, professor que ainda tem outro problema.
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– Qual, meu filho?
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– Teoricamente todo o avanço tecnológico tem por objetivo diminuir a carga de trabalho e aumentar a nossa qualidade de vida, porém, na prática, mesmo com a automatização, talvez reduziremos alguns acidentes mecânicos, no entanto, é bem provável aumentarmos os afastamentos por carga mental, pois nunca vi diminuir a carga horária de trabalho de ninguém com a introdução de processos mais rápidos.
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– Exatamente, após a automatização temos demissões e quem permanece continua trabalhando muito.
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– Ok, professor. Vou pensar bem antes de solicitar a automatização de um processo, mas a solução não pode ser a elaboração de um procedimento bem elaborado e mais horas de treinamento?
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– Na minha opinião um procedimento é apenas uma diretriz geral, não tem como estabelecer instruções precisas para todas as possibilidades de um sistema, lembrando que a cada dia temos atividades mais complexas, diminuindo nossa capacidade de prever as inúmeras situações de risco ou tornando os procedimentos imensos e inviáveis de serem seguidos.
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– Mas o que vamos fazer então, deixar o trabalhador se acidentar?
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– Acho que você está esquecendo de quem pode solucionar o problema. Se você prestar atenção perceberá que não acontece acidente todo dia na sua empresa. Apesar de todas as variáveis citadas, o trabalhador faz ajustes diários e consegue tomar decisões qualificadas que evitam a maioria dos acidentes. Ou seja, ao invés de tentar engessar as atividades dos trabalhadores, deixando o trabalho cada dia mais sem significado, precisamos aumentar a percepção de riscos destes mesmos trabalhadores, aumentando seu repertório de informações e estimulando sua iniciativa para solucionar de imediato os problemas que possam ocorrer no processo.
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– Professor, gostei destas ideias, onde consigo ler mais sobre este assunto.
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– Recomendo os autores Erik Hollnagel e Sidney Dekker. A grande maioria dos textos estará em inglês, mas hoje, com o Google tradutor, todo mundo pode ser um pouco “poliglota”.
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