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As organizações encontram-se sob um processo de reestruturação produtiva e organizacional. As modificações são cada vez mais frequentes e as transformações ocorridas no mercado requerem das empresas um modelo de gestão de produção eficiente e flexível, com habilidades e capacidade para produzir uma mistura de produtos de qualidade em lotes de produção com baixo custo e de diversos tamanhos, sendo esses atributos para sua sobrevivência (BUCZEK, 2004; FICHER 2000).

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Muitos empregadores no que se refere ao trabalhador, seguem, ainda, os modelos tayloristas –fordistas, uma tarefa especifica em um posto especifico, para uma determinada pessoa (GUIMARÃES, 2001 apud BUCZEK, 2004). Dessa forma, segundo Fischer (2000), “a parcialização do trabalho, o número de atividades desempenhadas pelo operador se viu reduzida, enquanto que aumentou o número de movimentos repetitivos, automatizados e estressantes, realizados em tempos cada vez mais reduzido. A composição da tarefa se viu reduzida a uma parcela mínima de atividades o que não permite a participação por parte do trabalhador, pelo contrário, retira-lhe qualquer controle sobre o seu próprio processo de trabalho.”

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Levando, assim, o trabalhador a reprimir sua criatividade tornando-o um ser robotizado e insatisfeito. Ainda, sobre o sistema tayloristas-fordista, o colaborador, não dispõe de autonomia para intervir sobre as condições de seu ambiente de trabalho- organizacional, físico, afetivo-emocional. Baseado nesse sistema de produção, houve um crescimento considerável do número de empregados afastados por doenças ocupacionais e os índices de insatisfação em relação ao trabalho e à organização (FICHER, 2000).

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Embora existam organizações que tem a concepção de que trabalho não é lazer, uma nova geração de empresas vem surgindo, cuja contrapartida reside na consideração dos fatores organizacionais e humanos nas questões de produção (FISCHER, 2000). Percebe-se esta situação pela procura da ergonomia, não somente para analisar o óbvio, ou propor soluções de melhorias rápidas, mas para ter uma visão ampla do processo com interesse geral, principalmente no colaborador como sujeito principal de uma intervenção ergonômica. Nesse contexto, os trabalhadores deveriam agregar valor pelo que sabem e pelas informações que podem repassar (KAPLAN; NORTON, 1997).

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Para tanto, deve existir uma transformação cultural que busque melhorias na mentalidade das pessoas, essa que vai ter que permear desde o principal executivo da empresa ao mais simples funcionário, de forma a não haver desgaste precoce, nem fadiga, nem lesões de natureza ergonômica, como lombalgias, DORTS e outras.

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É imprescindível incentivar e oportunizar a participação dos trabalhadores. Nesse âmbito, as melhorias em postos de trabalho incluindo o ambiente (físico e social), o layout, o processo produtivo, os sistemas e a organização do trabalho, são importantes e posta em prática pela ergonomia, em especial, a macroergonomia (BUCZEK, 2004).

Segundo Hendrik (1993), a macroergonomia compreende a aplicação da interface humano-sistema a projetos de modificações de sistemas de produção para aumentar a segurança, o conforto e a eficiência do sistema- qualidade de vida.

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Através do enfoque macroergonômico, destaca-se a ergonomia participativa que propõe a participação dos trabalhadores em todos os momentos de estudos e\ou intervenções ergonômicas. De acordo com Nagamachi (1995), “(…) se os atores na organização participam da tomada de decisões elas são capazes de experimentar a utilização de suas habilidades e discernimento. Como resultado, esse tipo de situação proporciona às pessoas um sentimento de comprometimento e responsabilidade com a organização”. A participação efetiva de todos os funcionários e partes das empresas envolvidos no processo de produção garante um maior entrosamento e, por conseguinte, permitindo alcançar um maior índice de sucesso nas adequações propostas para melhorar as condições do ambiente de trabalho (FOGLIATTO; GUIMARÃES, 1999). Para isso é necessário aplicar métodos e técnicas para a condução das mudanças.

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Assim, o objetivo do presente estudo é verificar a contribuição do Censo de Ergonomia para o levantamento de dados necessários para a implementação da ergonomia participativa na prevenção dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, através de uma revisão de literatura.

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ERGONOMIA: CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS

A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem (VIEIRA, 2000; IIDA, 2005). Foi definida como “o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência” (RIO, 2001), ou ainda conforme, Baú (2002), é a disciplina cientifica que trata da interação entre os seres humanos e outros elementos do sistema, da adaptação de métodos, teorias e dados apropriados para o bem-estar do ser humano e sobretudo a performance dos sistemas.

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Para Iida (2005), a ergonomia procura adaptar o trabalho ao homem da melhor forma possível. Portanto, o estudo da ergonomia deve abranger diversos aspectos do comportamento do homem no trabalho e outros fatores importantes para o projeto de sistema de trabalho.

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Ergonomia tem como objetivos: reduzir doenças ocupacionais, cansaço do trabalhador, possibilidade de erros, redução da carga de trabalho física e mental, acidentes de trabalho, ausências no trabalho e custos operacionais; e aumentar o conforto do trabalhador, produtividade e rentabilidade (COUTO, 2011).

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Estes objetivos para serem atingidos necessitam, portanto, de um conhecimento da diversidade de fatores que são: o homem e suas características físicas, fisiológicas e psicológicas; a máquina que constituem todas as ferramentas, mobiliário, equipamento e instalações; o ambiente que contempla a temperatura, ruídos, vibrações, iluminação, cores, etc.; a informação que se refere ao sistema de transmissão das informações; a organização que constitui todos os elementos citados no sistema produtivo considerando monotonia, fadiga e falta de motivação na execução das tarefas; e também a segurança no trabalho (IIDA, 2005; GUÉRIN, 2001).

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MACROERGONOMIA

A Ergonomia vem passando por fases, desde a sua oficialização, em 1949, e se ampliando através dos tempo, tais como os físico-perceptuais na 1ºfase, os físicos-ambientais na 2º fase, os cognitivos, relacionados com o processamento de informações, na 3º fase, e, atualmente, está na 4ºfase, a fase macro proposta por Hendrick (1993).

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De acordo com Guimarães (2000), “a visão macro da ergonomia atual focaliza o homem, a organização, o ambiente e a máquina como um todo de um sistema mais amplo, deixando de se restringir a questões do posto de trabalho atuando, também, em nivel organizacional. Enfatiza as interações entre os contextos organizacional e psicosocial, vistas a melhor adequação dos processos e a concepção de novos sistemas. Assim, o papel de um macroergonomista em uma organização é ajudar esta organização a adaptar novas tecnologias, fornecendo informações aos projetistas de como as organizações e pessoas funcionam a fim de incorporar este tipo de conhecimento ao processo de projeto” (DRAY, 1985, p.522).

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A macroergonomia tem por objetivo um estudo baseado na metodologia da ergonomia participativa, fator este que valoriza o colaborador e permite o envolvimento ativo do mesmo nas etapas da intervenção ergonômica (apreciação ergonômica; análise ou diagnose ergonômica; proposta de soluções ou projetação ergonômica; avaliação ou validação ergonômica) nos locais de trabalho (NAGAMACHI, 1995). Em consequência disso, ocorre a disseminação de tais conceitos por toda a empresa e a formação da consciência ergonômica. Com a participação dos empregados as demandas ergonômicas são mais facilmente identificáveis em comparação à simples observação (GUIMARÃES, 2000).

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Além disso, ao ouvir estes há uma melhor interpretação e organização do diagnóstico da empresa. Conforme Guérin et al., (2001) a macroergonomia é uma das formas mais eficientes de conciliar as questões humanas de trabalho com as questões de sobrevivência da empresa no mundo atual.

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ERGONOMIA PARTICIPATIVA E CENSO DE ERGONOMIA

A ergonomia participativa (EP) é considerada como a abordagem mais apropriada e mais aplicada dentro do contexto da macroergonomia, favorecendo assim, uma expectativa nessa fase atual da ergonomia.

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De Acordo com Haines & Wilson (1998), “a ergonomia participativa é definida como uma estratégia envolvendo pessoas no planejamento e controle de uma parte significativa do seu trabalho, com conhecimento e capacidade de influenciar processos e seus resultados com o objetivo de atingir metas específicas suficiente associado com o controle problemas de ergonomia”.

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A ergonomia participativa exerce uma função essencial sobre a ação ergonômica nos fatores organizacionais de uma empresa. Considerando-se participativa quando a abordagem se faz de baixo para cima tomando-se por base a hierarquia da empresa. Nada mais e nada menos do que a participação do trabalhador e sua visão sobre seu próprio trabalho (COHEN,1996). Nas últimas duas décadas, houve um crescimento gradual em muitos países pelo interesse no envolvimento dos trabalhadores na Ergonomia. Algumas revisões da literatura técnica internacional aponta uma tendência crescente de publicações relacionadas com estas intervenções em variados setores do ambiente laboral, dentre elas instituições NIOSH como o US, Inglaterra HSE e da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, a Ergonomia Participativa é citada como uma estratégia eficaz para a prevenção dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (RODRIGO, 2015).

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Conforme com Haims e Carayon (1998) e May e Schwoerer (1994), “a ergonomia participativa pode intervir de forma simultânea tanto nos fatores de riscos “ergonômicos” (físicos, ambientais e organizacionais) quanto os fatores de risco psicossociais, o que torna a EP uma forma de intervenção bastante eficaz no combate aos DORT.” De acordo com Smith e Carayon (1996) apud (BERNARDES, 2012), as seguintes características da ergonomia participativa atua na melhora dos aspectos psicossociais do trabalho e, sendo assim podem diminuir o risco de desenvolvimento dos DORTs como: treinamento do colaboradores, o envolvimento dos trabalhadores na tomada de decisão referente ao seu ambiente laboral e maior troca de informações entre os diversos níveis organizacionais.

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Um dos principais fundamentos desta abordagem é a participação ativa dos trabalhadores, especialmente no processo de identificação de situações de dificuldade ou desconforto que ocorrem no ambiente laboral e a partir desta identificação surgem a sugestões de soluções de melhorias, permitindo disseminar seu conhecimento técnico da tarefa e assegurar um maior grau de aceitação das soluções propostas (GUIMARÃES, 2000).

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Contudo, a qualidade e a quantidade de informações que o ergonomista consegue extrair do cenário do ambiente laboral é influenciado pelo tipo de abordagem do trabalhador. Sell (1986), levanta a questão do cuidado que os levantamentos executados no ambiente de trabalho devem possuir, de forma a não parecerem práticas autoritárias sendo disfarçadas como processos participativos.

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Aliado a este fator encontra-se os efeitos da motivação dos empregados em participar, que é determinada pelo ambiente organizacional. Haines &Wilson (1998) sugerem que como a participação dos trabalhadores é um fator que deve ser intensamente promovido e vários requisitos influenciam este processo, o ergonomista poderia desempenhar um papel de facilitador do processo, atuando como consultor do grupo, como conselheiro técnico e como assistente na solução de problemas. Este fato deve-se à visão que o ergonomista possui da situação de trabalho.

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O Censo de Ergonomia ou Ergonômico trata-se de uma ferramenta construída à base de questionário, através da qual o trabalhador expressa sua percepção a respeito do posto de trabalho e da atividade que executa. Os objetivos proposto por esta ferramenta são: investigar os principais tipos de desconforto (fadiga, choque, formigamento, dor etc), bem como a classificação do que se sente (leve, moderado ou intenso) e relacioná-los ou não com o trabalho; obter dos trabalhadores sua visão sobre possíveis melhorias nas condições de trabalho; detectar situações de trabalho causadoras de lesões ou afastamentos relacionados à condição de ergonomia do trabalho e mapear diversas áreas da empresa quanto à prevalência de problemas ergonômicos (COUTO; CARDOSO,2001).

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De acordo com Couto e Cardoso (2001), o Censo Ergonômico é composto por uma ilustração do corpo humano, dividida em pescoço, braços, coluna, quadril e pernas, no qual o funcionário aponta o local de maior desconforto e dor. As questões estão relacionadas com cada área anatômica e auxiliam para verificar se os trabalhadores sentem dores ou desconforto nos últimos seis meses ou em menos tempo, e se a dor/ desconforto é atual.

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DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO

Os Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) são quadros clínicos consequentes de distúrbios orgânicos ou funcionais resultantes de fadiga localizada e afecções que envolvem os músculos, tendões, ligamentos, fáscias, sinóvias e nervos, de forma isolada ou associada, provocadas por processo crônico, desenvolvido por atividades executadas durante o trabalho (LANDGRAF et al., 2002).

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Em relação aos DORT, predomina o consenso de origem multifatorial, no qual diversos fatores de risco cooperam para o desenvolvimento desses distúrbios. Sendo assim, os fatores de risco associados ao desenvolvimento e/ou exacerbação dos DORT incluem fatores biomecânicos, organizacionais, psicossociais, ambientais e, ainda fatores individuais não relacionados ao trabalho (COUTO, 2007).

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Prescindindo-se de uma análise sobre as manifestações clínicas e incapacidades laborativas, as doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo vêm, sem dúvida, assumindo um caráter epidêmico, sendo algumas de suas patologias crônicas e redicivantes, que se revigoram precocemente a partir da adoção de uma simples retomada de movimentos repetitivos, a exemplo das LER (Lesões por esforço repetitivo)/DORT, as quais geram uma incapacidade para a vida que não se resume apenas ao ambiente de trabalho (SALIM, 2003).

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No Brasil, de acordo com o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), o DORT, têm sido uma das principais causas de afastamento ao trabalho, além de lesões que podem ser causadas pelo uso biomecanicamente inadequada das estruturas osteomusculares e do tecido conjuntivo que resultam em dor, queda do rendimento no ambiente laboral, fadiga e incapacidade temporária, ocasionando o comprometimento da saúde e altos custos a empresa e a sociedade. Nessa perspectiva, visando a garantia da qualidade física e psíquica dos colaboradores no desenvolvimento de suas funções laborativas, o Ministério do Trabalho e Emprego, fundamentado na norma regulamentadora de nº17 (NR17) que diz respeito a ergonomia, desenvolveu parâmetros ergonômicos com o objetivo de adequar as condições do ambiente laboral as características psicofisiológicas dos trabalhadores, oferecendo um ambiente de conforto, de prevenção a acidentes e doenças, para que posam executar suas atividades com o máximo de eficiência (BRASIL – MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2002).

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O Anexo II do Decreto nº 3.048/99 que regulamenta a Previdência Social, aduz que a etiologia ocupacional faz relação de algumas doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo a fatores anti- ergonômicos, como: inflexibilidade e alta intensidade, execução de grande quantidade de movimentos repetitivos em alta velocidade, sobrecarga de determinados grupos musculares, posturas estáticas por longos períodos, ausência de controle sobre ritmo de trabalho, ausência de pausas, exigência de produtividade, transporte e carregamento de peso excessivo, entre outras condições difíceis de trabalho (BRASIL – DECRETO Nº 3.048, 1999).

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Estes fatores anti-ergonômicos no ambiente de trabalho são apontados como um dos causadores do aumento de casos de DORT nas organizações de trabalho (BRASIL – MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

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Ainda, de acordo com Couto (2011), surgiram mudanças sociais, não sendo mais tolerável para as empresas apresentarem doenças relacionadas às condições ergonômicas inadequadas, e que as mesmas terão que colocar a ergonomia e a prevenção desses transtornos como parte do negócio, se quiserem competir e sobreviver nos tempos atuais.

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Fonte: https://interfisio.com.br/a-importancia-da-ergonomia-participativa-na-prevencao-dos-disturbios-osteomusculares-relacionados-ao-trabalho/