Será que basta adaptar o trabalho ao homem?
Ergonomia Construtiva
– Neste mês estava lendo um livro sobre Ergonomia Construtiva do autor Pierre Falzon e me surpreendi com a seguinte pergunta em relação à Ergonomia: Será que basta adaptar o trabalho ao homem?
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– Quem estuda ou trabalha com este tema, sabe que este seria o objetivo, mas para o autor não é o suficiente.
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– Mas o que ele quer mais, professor?
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– Ele explica que a visão atual geralmente é estática, pois tem por objetivo projetar sistemas adequados para o trabalho em um determinado momento. Porém, a situação ideal seria o desenvolvimento destes trabalhadores focando em ações que possibilitem uma margem de manobra operacional. Para conseguir essa liberdade de ação é necessário que o trabalhador tenha recursos e habilidades para construir e reconstruir continuamente as regras de trabalho.
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– Entendi, professor, a sugestão é para os ergonomistas não se contentarem em ver os operadores apenas no aqui e agora, mas pensarem no seu desenvolvimento.
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– Exatamente, meu filho. Devem se interessar pelas condições de desenvolvimento e pelos caminhos da carreira e da vida. Contribuir para a concepção de ambientes que permitam o desenvolvimento em relação aos aspectos físicos, cognitivo e social, buscando os objetivos de bem-estar e desempenho.
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– A ideia central é desenvolver os trabalhadores para que não sejam apenas capazes de cumprir uma prescrição, mas capazes de tomar decisões para eventos aleatórios e imprevisíveis, sendo crucial estabelecer formas para a aquisição sustentada de novas habilidades.
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– No entanto, de acordo com Falzon, as habilidades não são mais construídas por meio de confrontos repetidos com situações idênticas ou semelhantes, mas pelo confronto e análise de situações singulares. Houve uma mudança do aprendizado implícito, apenas vagamente consciente, baseado na repetitividade, para o aprendizado explícito e consciente baseado em práticas reflexivas, que podem ser individuais ou coletivas.
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– Professor, estou achando esse papo muito cabeça e difícil, hoje Ergonomia já não é fácil e o tal do Falzon quer complicar ainda mais?
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– Meu filho, entenda que as empresas estão a cada dia mais complexas e para que o trabalho possa ser desenvolvido com qualidade são necessários trabalhadores mais capazes e apesar de concordar com a sua preocupação em relação à dificuldade, entendo que a Ergonomia pode começar a pensar desta forma mais ampla e auxiliar os trabalhadores e consequentemente as empresas neste desenvolvimento.
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