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Não bastava ser segunda-feira e estar atrasado na elaboração do PGR, pois para completar a vida do Pedro, que era Técnico de Segurança, logo cedo recebeu uma ligação informando que o Auditor Fiscal do Trabalho o estava aguardando na portaria.

– Bom dia, doutor! Que milagre o senhor por aqui.

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– Como assim, milagre? Sempre estamos fiscalizando as empresas. Pode ter certeza que o senhor já começou mal comigo.

– Me escapuliu! Não tinha a intenção de ofender.

– Tudo bem, mas vamos entrando que eu quero logo acabar, pois ainda tenho mais uma visita hoje.

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– Tá bom, mas não se irrite!

– Preciso analisar o posto do funcionário André Torres Guimarães, fui informado que houve um acidente na máquina injetora devido a uma falha no sensor de presença e o trabalhador acabou com um corte profundo na mão e ainda está afastado.

– Isso, isso, isso, isso! O André estava trabalhando na injetora quando acabou cortando a mão.

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– Mas cortou devido a falha no sensor.

– E o que eu disse?

– Que o trabalhador tinha cortado a mão.

– E como é?

– Cortou devido a falha no sensor.

– E o que eu disse?

– Chega! Deixa de enrolar e vamos logo para o posto de trabalho.

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– Ninguém tem paciência comigo!

Chegando na produção o fiscal desconfia que a injetora que está sendo apresentada não é a mesma onde ocorreu o acidente.

– Esse equipamento é muito novo, tem certeza que foi nessa máquina o acidente? Teria algum trabalhador que estava presente e que possa descrever como ocorreu?

– Tudo eu! Tudo eu! Desculpe, pensei alto! Já vou chamar o trabalhador.

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Pedro chama uma testemunha do acidente e pede para ele explicar como ocorreu o sinistro.

– Doutor, o que aconteceu foi o seguinte: o André estava trabalhando na injetora, mas estava atrasado e acabou fazendo uma gambiarra para enganar o sensor. Porém, durante o processo perdeu a atenção e com o sensor desativado acabou ocorrendo o acidente.

Pedro, não se aguenta e fala: Ai, que burro, dá zero pra ele!

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O auditor percebe que Pedro não tem muito jeito e segue com a fiscalização: – Sr. Pedro, pode trazer as informações de manutenção do equipamento e o tipo de sensor utilizado?

– Sigam-me os bons!

Após passarem na manutenção o auditor comenta: mas o sensor não era adequado, era muito fácil burlar o equipamento. A empresa não estava ciente disso?

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– Palma, palma, não priemos cânico. O André recebeu todos os treinamentos obrigatórios e sofreu o acidente por pura desatenção e pressa.

– Sr. Pedro, nunca vi trabalhador querer produzir mais para ganhar o mesmo salário e acredito que a empresa estava ciente da limitação dessa proteção. Vou notificar a empresa.

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– Suspeitei desde o princípio.

– Já que estamos aqui, quero que traga os Programas, as atas da CIPA, as Análises Ergonômicas, os Laudos de Insalubridade e Periculosidade e toda a documentação relativa às NR 10 e 12 desta e das outras máquinas.

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Fonte: https://protecao.com.br/blogs/foi-sem-querer-querendo/