Afinal, o que é ergonomia? Dizem que a simplicidade é o último degrau da sabedoria…
Não quero com isso ser pretensioso, apenas dizer que não pretendo aqui lhe trazer um tanto de conceitos rebuscados e de difícil entendimento. Ao invés disso, vou te contar a história de como um simples copo de café me ensinou sobre o que é ergonomia.
Por hora, fiquemos com a ideia de que ergonomia é o estudo ou a análise da interface (relação) entre o trabalhador e seu ambiente de trabalho. Apenas isso, simples quanto isso!
MAS ANTES DE SEGUIR, QUERO TE DIZER O QUE NÃO É ERGONOMIA.
Ergonomia não se traduz em postura ou mobiliário. Ergonomia não se resume a mesa e cadeira. Pelo amor de Deus, esquece isso!
Confesso que chega a me dar um desânimo quando percebo que 100% dos materiais de divulgação dos serviços de ergonomia são utilizados aquele famigerado bonequinho sentado na cadeira de escritório, mostrando como se portar em frente ao computador.
Sim, é um esquema útil. Sim, também o uso. O problema que no imaginário popular somente aquilo é ergonomia. E não é! O entendimento da postura em frente ao computador é apenas um pedaço (pequeno, diga-se) da atuação dos ergonomistas.
Voltamos a história do copo de café para entender o principal valor da ergonomia.
Imagine que certo dia na sua empresa o gestor decide que os copos plásticos específicos para cafezinho estão muito caros. Então decide substitui-los por aqueles descartáveis, com espessura fina, feitos para tomar água.
Ao servir-se de café, você sente seus dedos aquecerem rapidamente a ponto de não conseguir continua segurando o copo. Aqui no Sul diríamos que o copo está “pelando”.
O que você faz? Se ainda não passou por esta situação, o que você imagina que faria?
A primeira reação natural das pessoas é sobrepor um copo ao outro (usar dois) para aumentar sua espessura como forma de isolar o calor que chega a seus dedos.
Uma segunda reação é largar o copo, para tomar mais devagar o café e/ou esperar até que esfrie um pouco.
E o que isso tem a ver com ergonomia? TUDO!
Em situações de desconforto, a tendência natural é que as pessoas usem mais recurso para executar determinada tarefa (dois copos ao invés de um só) ou façam de forma mais lenta (menos produtiva). Ou ainda, no limite, não consigam executar tal atividade (acidente ou afastamento).
Em todas estas situações, isoladas ou somadas, há impacto no custo financeiro da operação.
É por isso que nós ergonomistas investimos um tempão para mapear a gravidade dos riscos ergonômicos que o trabalhador está exposto.
E acredite, há uma infinidade deles: postura inadequada, ruído, iluminamento, mobiliário, repetitividade, layout, manuseio de carga, equipamentos, sobrecarga de atividades, imprecisão de demandas, rotinas exaustivas, sobrecarga mental, monotonia, stress, assédio etc.
Já entendemos que todos estes riscos, sejam eles biomecânicos, cognitivos ou organizacionais levam o trabalhador a situações de desconforto e o resultado você já sabe qual é.
Pronto, isso para mim é ergonomia. É a melhoria do processo que não só traz conforto para as pessoas, mas também eficiência para operação como um todo. Quer algo mais estratégico aos objetivos da empresa do que isso?
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