Fazem parte da Orelha Média a membrana timpânica, os três ossículos (bigorna, estribo, martelo), que transmitem as vibrações da membrana e a tuba auditiva, que mantém o arejamento das cavidades da orelha média. No final da Orelha Média, está a janela oval.
A janela oval está ligada à Orelha Interna, que é composta por um conjunto de cavidades. Uma delas é a cóclea, parecida com um caracol, repleta de células ciliares externas e internas, responsáveis por transmitir as vibrações do líquido coclear para o nervo acústico, que leva os impulsos aos centros corticais da audição no cérebro, onde se dá o fenômeno consciente da sensação sonora. Todavia a sensação sonora a que nos expomos diariamente pode ser agradável ou extremamente desagradável devido à intensidade do “barulho” acima de limites que as tornam prejudicial à saúde.
A exposição prolongada ao “barulho” ou tecnicamente falando ao Ruído, é popularmente denominada Pair ou Pairo que é a abreviação do termo Perda Auditiva Induzida pelo Ruído. Contudo a expressão pode não ser a mais correta, isto porque o agente causal não necessariamente pode ser o ruído. Causa comum pode ser a exposição a substancias comprovadamente ototóxicas, decorrentes de acidentes típicos ou ainda pode ser do tipo sensório neurais, condutivas ou mistas.
O Ministério da Previdência Social no decreto 3048/99 trata as ocorrências de perda auditiva como P.A.O ou Perda Auditiva Ocupacional, termo mais adequado e sinônimo para perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados que seria a forma mais adequada quando o agente etiológico for o ruído. A expressão anterior “perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevado”, deveria ainda ser acrescida da palavra Laboral ou Ocupacional quando houver nexo com o trabalho.
Independentemente da expressão utilizada, a perda auditiva é um dano serio, pois, pode ser agente de diversos transtornos profissionais e/ou pessoais. Sendo assim, é imperativo que todas as ações possíveis sejam realizadas para, principalmente quando fala-se em trabalho, medidas de controle e administrativas sejam providenciadas. Enclausuramento de equipamentos, substituição de maquinário, redução da jornada de trabalho, instalação de cabines aclimatizadas, manutenção periódica em equipamentos, substituição de produtos químicos ototóxicos por outros cujos estudos não comprovam a associação com o dano, são medidas que poderão manter o ambiente de trabalho salubre.
As medidas de controle para exposição ao ruído são amplamente estudadas e planejadas, contudo os estudos sobre a exposição ao ruído associada às substancias ototóxicas geradora de danos ao individuo tem poucos notoriedade por parte dos gestores dos processos e estudiosos. Esta pouca informação pode ser agente contribuinte para a ampliação dos quadros de perda auditiva no trabalho, principalmente nas empresas que tem como base de trabalho o uso de maquinário, ambientes ruidosos e pintura de materiais dentre outros processos. Dentre as substancias comprovadamente ototóxicas estão dissulfeto de carbono, tolueno, xileno, estireno, álcool etílico, substancias comumente encontradas nas tintas e solventes industriais. Neste caso além das medidas estabelecidas para controle de ruído, deve-se estabelecer medidas administrativas e individuais para evitar-se a exposição respiratória e cutânea às substancias perigosas.