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Por convite do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, estive recentemente participando de uma reunião de trabalho que teve por objetivo discutir estratégias para a prevenção de acidentes de trabalho no corte de madeira com motosserras na atividade de fumicultura. Na reunião foram relatados diversos casos de acidentes de trabalho ocorridos nos últimos anos com agricultores e trabalhadores rurais, muitos com óbitos. Na reunião ficou evidente que muitos destes acidentes fatais poderiam ter sido evitados, cuja principal causa foi a falta de conhecimento por parte dos trabalhadores rurais em relação às normas básicas de segurança na execução do corte de madeira com motosserras, situação que nos motivou a escrever este artigo.

É notório que o corte de madeira com motosserras é uma atividade de alto risco, exigindo dos trabalhadores o conhecimento das técnicas de trabalho e a adoção de normas básicas de segurança, visando a prevenção ou minimização dos acidentes de trabalho. Por isso, três aspectos importantes devem ser considerados: planejamento do trabalho, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), uso de máquinas em boas condições de funcionamento e adoção das técnicas de trabalho.

Inicialmente é importante ressaltar sobre a obrigatoriedade do registro da motosserra no órgão competente e a obtenção das licenças de porte e uso. Além disso, a motosserra deve ser manuseada somente por pessoas adultas, com boas condições físicas e de saúde, devendo ainda receber um treinamento básico abordando sobre as técnicas de corte, manutenção e segurança. A Norma Regulamentadora NR 12 do Ministério do Trabalho e Emprego relata da obrigatoriedade da oferta de treinamento aos trabalhadores de motosserras, com carga horária mínima de oito horas para o manuseio seguro conforme conteúdo constante no manual de instruções fornecido pelo fabricante. Entretanto, entendemos da necessidade de revisão desta norma, pois devido a alta periculosidade da motosserra, principalmente na etapa de derrubada de árvores, a carga horária mínima exigida deveria ser superior à recomendada.

Em relação ao planejamento do trabalho é importante lembrar que o trabalhador nunca deve executar o trabalho com motosserras sozinho, sendo recomendado sempre estar acompanhado por outro adulto, que poderá auxilia-lo na execução do trabalho e em algum imprevisto ou acidente de trabalho. O trabalhador deve inicialmente observar as situações de riscos no local de trabalho e analisar cada árvore individualmente anteriormente à sua derrubada, a declividade do terreno, os obstáculos existentes na área de trabalho, as árvores quebradas ou tombadas, os galhos secos e a tortuosidade da árvore, a direção de queda natural da árvore, a direção dos ventos, etc. Além disso, deve respeitar uma distância de segurança entre

as pessoas na área de trabalho, que deve ser correspondente de duas a três vezes a altura da árvore; nunca operar a motosserra acima da linha da cintura e em dias de chuva ou em terrenos úmidos; e quando possível, disponibilizar na propriedade rural materiais de primeiros socorros e veículo para locomoção do trabalhador no caso de alguma emergência.

Ainda dentro do contexto do planejamento é importante que o trabalhador tenha sempre à disposição algumas ferramentas e acessórios, que poderão auxilia-lo na execução do corte da madeira com menor esforço físico e maior segurança, dentre os quais cita-se:

  • Alavanca: Acessório utilizado no auxílio à derrubada de árvores de médio porte, principalmente em plantios de pinus. Serve para inclinar a árvore na direção de queda desejada, mantendo o corte de abate aberto e evitando que o sabre da motosserra se prenda na madeira.
  • Cunha: Acessório utilizado no auxílio à derrubada de árvores de médio a grande porte ou no traçamento da madeira, sendo usado tanto em plantios de pinus quanto de eucalipto. Serve para manter o corte de abate aberto de forma que o sabre da motosserra não se prenda na madeira. Na derrubada da árvore, a cunha tem a função de abrir o corte no momento do abate, evitando ainda o tombamento da árvore na direção contrário à direção de queda. Deve ser de alumínio, madeira ou plástico, de modo a evitar danos caso entre em contato com a corrente da motosserra.
  • Fisga: Acessório utilizado no auxílio à derrubada de árvores de pequeno porte, principalmente em plantios de eucalipto, em dias de vento e quando as árvores apresentam inclinação contrária à direção de queda desejada. Deve ser acoplada a uma vara de madeira e utilizada por um auxiliar para empurrar a árvore no momento que o trabalhador estiver executando o corte de derrubada.
  • Ganho: Acessório utilizado para auxiliar no manuseio das toras de madeira, minimizando o esforço físico e oferecendo maior segurança ao trabalhador.
  • Machado, foice e facão: Ferramentas utilizadas na limpeza da área de trabalho, limpeza ao redor da árvore antes de execução da derrubada e na execução do desgalhamento de árvores.
  • Galão de combustível conjugado: Acessório utilizado no transporte de combustível e óleo lubrificante de corrente para o campo, em quantidades suficientes para um dia de trabalho. Possui dois compartimentos separados para depósito de combustível e óleo lubrificante e bico de regulagem automática que facilita o abastecimento na dosagem correta, editando derramamento e desperdícios.

Na sequência, outro aspecto importante que o trabalhador deve atentar-se se refere às questões da segurança no trabalho, devendo sempre usar os seguintes EPIs:

  • Capacete com protetor auricular e facial: Trata-se de capacete especial, confeccionado em polietileno de alta resistência, com regulagem, carneira e suspensão e em cores que permita a visualização do trabalhador em longas distâncias. O protetor auricular é acoplado ao capacete e visa proteger o ouvido do trabalhador do ruído excessivo advindo da motosserra, enquanto o protetor facial, também acoplado ao capacete, composto de material plástico com tela de náilon, visa proteger o rosto e os olhos do trabalhador contra galhos e serragens advindos do corte da madeira.
  • Camisa: Deve ser usada camisa de mangas longas e material 100% algodão, que permite maior proteção dos braços do trabalhador, bem como favorece a evaporação do suor e a troca de calor com o meio externo.
  • Luvas: Confeccionada em vaqueta e náilon, possui a função de proteger aos mãos do trabalhador contra cortes e perfurações, além de contribuir para a minimização da vibração da motosserra.
  • Calça de proteção: Confeccionada em tecelagem especial e fios 100% poliéster, possui proteção interna na parte da frente e na panturrilha com camadas de malha e poliéster que confere alta resistência e proteção completa das pernas do operador contra cortes.
  • Botas: Também conhecido como coturno, são confeccionadas em vaqueta, palmilha de montagem em couro, acolchoado internamente, solado anti-derrapante e biqueira de aço, permitindo a proteção dos pés do trabalhador contra cortes e perfurações.

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É importante ainda que o trabalhador rural tenha preocupação em relação ao estado de conservação da motosserra, devendo realizar sempre as manutenções periódicas da máquina após o seu uso, de modo a mantê-la em boas condições de funcionamento e proporcionando maior desempenho no trabalho, aumento da vida útil da máquina e segurança ao trabalhador. Os principais itens a serem verificados na manutenção são: afiação da corrente; limpeza do sabre, pinhão, filtro de ar e sistema de lubrificação. Além disso, é importante verificar diariamente o correto funcionamento dos dispositivos de segurança da motosserra, os quais são:

  • Freio de corrente: dispositivo que interrompe o giro da corrente no caso de um “rebote”.
  • Pino pega-corrente: dispositivo que no caso de rompimento da corrente, reduz seu curso, evitando que o trabalhador seja atingido.
  • Trava de segurança do acelerador: dispositivo que impede a aceleração involuntária da máquina.
  • Sistema anti-vibratório: dispositivo que minimiza as vibrações transmitidas pelo motor da máquina.
  • Silencioso e escapamento: dispositivo que protege o trabalhador em relação ao ruído emitido pelo motor e os gases de combustão do motor.

Por fim, um aspecto fundamental refere-se à necessidade dos trabalhadores conhecer e serem capacitados em relação às técnicas de trabalho no corte de árvores com motosserra. Basicamente ao realizar a derrubada de árvores, o trabalhador deve usar a técnica do entalhe direcional ou ângulo de corte (boca de corte), que tem a função de determinar a direção de queda desejado da árvore. O entalhe direcional é formado por um corte oblíquo e outro horizontal, com ângulo de 45° e profundidade entre 1/5 e 1/3 do diâmetro da árvore. Após realizar o entalhe direcional, o trabalhador deve fazer o corte de abate no lado oposto, na horizontal e mais alto em relação à superfície do entalhe direcional, formando o filete de ruptura. O filete de ruptura deve possuir uma espessura de aproximadamente 1/10 do diâmetro da árvore, possuindo a função de servir como uma espécie de “dobradiça”, oferecendo maior segurança ao trabalhador e garantindo a queda suave da árvore na direção desejada, conforme ilustração da Figura 1.

Além da etapa da derrubada das árvores é necessário que os trabalhadores tenham muita atenção e conhecimento em relação às técnicas básicas de desgalhamento das árvores e traçamento ou secionamento da madeira.

O desgalhamento consiste na retirada dos galhos das árvores, sendo considerada uma operação de alta periculosidade devido à possibilidade da ocorrência de “rebote”, que consiste quando apenas o terço superior do sabre entra em contato com a madeira a ser cortada, onde então o conjunto de corte pode rebotear e voltar-se para trás e atingir o trabalhador. Por isso, sempre que possível, o desgalhamento deverá ser efetuado com auxílio de ferramentas, e quando for utilizado a motosserra, o trabalhador deve segurar firmemente a máquina e procurar cortar com a extremidade do sabre.

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Já o traçamento consiste no seccionamento do tronco em toras, conforme as medidas de interesse. Apesar de uma menor periculosidade, trata-se de uma atividade de elevado esforço físico, devendo o trabalhador segurar firmemente a motosserra, adotar uma postura adequada e observar a disposição do tronco sobre o terreno no momento do corte, de modo a evitar que o sabre da motosserra se prenda na madeira.

Portanto, apesar das atuais tecnologias disponíveis para o corte de madeira, a motosserra continua sendo indispensável para o trabalho, principalmente nas pequenas e médias propriedades rurais. Entretanto, a falta de conhecimentos e de informações, que na maioria dos casos acabam não chegando ao campo têm provocado sérios acidentes de trabalho, muitos dos quais fatais. Diante deste cenário, é fundamental a união de forças entre o poder público e privado na busca soluções, dentre as quais cita-se a necessidade da capacitação de nossos proprietários e trabalhadores rurais, visando a execução de um trabalho produtivo, de qualidade e com total segurança, trazendo, consequentemente, melhor qualidade de vida no campo.

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Fonte: http://www.mundohusqvarna.com.br/coluna/seguranca-no-corte-de-madeira-com-motosserras/